R.I.P. Twingo - Paz ao teu Motor
Gosto de interpretar isto como o meu próprio milagre natalício, optando por esquecer, por ora, aquilo que terei que desembolsar para o arranjo e/ou a aquisição de um novo maximbombo.
The Killers - The Great Big Sled
I wanna roll around like a kid in the snow
I wanna relearn what I already know
Just let me take flight dressed in red
through the night on a great big sled
I wanna wish you merry christmas
Ho HO HO
Sim, as canções de Natal são pirosas, tal como as cartas de amor podem (e devem) ser ridículas... porque Natal que é Natal também se quer bem lamechas e pirosinho.
A todos, uma boa embriaguez de amor :)
Frontalidade pode ser confundida com insensibilidade, disse a amiga…
Maria: He's dangerous but sincere.
Nurse: Sincerely dangerous.
Maria: No, he's dangerous because he's sincere.
Sugestão: viver no limite, mas com jeitinho.
Merry Xmas, Orange is Over
- “Uma moedinha? É para comer, a sério”.
Tiro uma laranja do saco e digo-lhe para comer aquela que é bem docinha. E depois penso: “Bolas, se o gajo já não tiver limões, vai recorrer àquela laranja. Espera, volta aqui que também tenho bolachas integrais!”.
Há Canções que Seduzem - Parte III
Em "Deathproof", não bastava ter realizado o desastre automóvel com maior cobertura de ângulos, como o sacaninha (termo carinhoso) do Tarantino ainda escolhe este ‘Hold Tight’, do Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich, para dar classe a uma perna decepada, projectada para fora do carro.
Pronto, já nem falo na lap dance ao som do ‘Down in Mexico’, que escorre sexo em cada acorde. Vou só partilhar mais este - dentro da dinâmica “bora lá brincar ao capuchinho vermelho” - ‘Baby It’s You’ dos Smith (1969).
E também há canções que seduzem Parte I e Parte II. Mas se é meninos que querem fazer, nada como ouvir o minuto da natalidade, todas as manhãs, com os 3 da vida airada: o meistre, a margem-sulense-power e o mano.
Merceeiro de Bairro
Nota: Merceeiro de bairro faz-me lembrar esta frase do Orson Welles.
Espírito Natalício
É o sketch do Natal passado no Saturday Night Live, com o convidado especial Justin Timberlake. Aguentem, pelo menos, até ao refrão.
Li e aplaudo
O meu pacote de açúcar
“Um dia, vou cobrir o meu corpo com pozinhos de ouro e deixá-lo viajar no teu sopro”. É hoje o dia.
Poço dos Sonhos
Parece o título sensacionalista de uma revista esotérica, mas podia bem ser o meu epitáfio, e não apenas a descrição de um dos sonhos parvos que me atormenta no leito – nessa categoria, aliás, destaco o sonho do fim do mundo no Seixal (porque o Seixal é um mundo encantado da periferia, comparável ao Shire do Tolkien), onde só sobrevivia ao fim do mundo quem se enrolasse em folhas gigantes de papel de alumínio.
Diz a imensa pedra filosofal que o sonho é uma constante da vida. Mas o problema é quando alimentamos demasiados sonhos ao mesmo tempo, por querermos fazer tudo o que nos apaixona, e depois percebermos que somos incapazes de nos concentrar numa única coisa de forma exímia. Foi assim com a fotografia (prometi a mim mesma dar seguimento ao curso de Verão), com a guitarra (fazia dói-dói nos dedos), com o piano (não há tempo para praticar) e com a dança (ok, aqui a professora ficou incapacitada de dar aulas, por isso eu só fui solidária no adeus).
Ontem, comecei um novo cursito, desta vez de Encenação e Dramaturgia, mas tenho a desculpa de que o teatro já é uma paixão reincidente. Pronto, talvez viva depressa demais, mas vou tentar estar atenta à viagem para que a vida não me passe ao lado.
Saturday Night
Sim. Nada como aproveitar a louca noite de Sábado para criar uma folhinha de Excel com quatro colunas: “Título”, “Autor”, “Género” e “Observações” (porque a Doris Lessing ganhou este ano o Nobel e merece que isso permaneça registado no prestigiado catálogo bibliotecário da Pat, assim como todos os escritores premiados com o Man Booker Prize ou o Prémio Estónio do Livro Amestrado).
Melhor que isto, só se tivéssemos anotado os 186 livros (ainda vamos a meio da estante) ao som da Whigfield. Tiri-rara-ra!
*Eu não devia escrever isto... mas não é que nos divertimos mesmo?...*
It's the nighttime baby, don't let go of my love
Ainda me lembro das primeiras vezes que Mary John e Lia Gamma me importunaram com o álbum “1972". Devo-lhes um valente obrigada por me terem despertado para esta (e outra) música da boa. Como os National, por exemplo.
A canção que se segue faz parte do álbum “Nashville” e é aqui tocada ao vivo em Austin, Texas, a poucos quilómetros – lá está – de Nashville.
Uma das razões tolas para gostar deste 'It’s the Nightime’ é precisamente esta parte da letra:
And maybe later on
After the Late Late Show
(O que pressupõe que Josh Rouse seja espectador assíduo do Conan O’Brien)
We can go to your room
I can try on your clothes
(Experimentar as roupas da amada pode não ser provocador, mas mostra que o senhor não tem problemas com a sua masculinidade)
You know I'm not the kind of man
To come on so strong
(Mas devias, Josh, mas devia)
But when you look as good as you do
I knew it wouldn't be long
(Imagino-o de cinto de ligas, enrolando umas plumas em torno da sua amada)
Sentido de Oportunidade
Tenho um amigo no último ano de medicina que me enviou uma mensagem dizendo que “ser aluno de cirurgia no Garcia da Orta faz uma pessoa ambicionar ser dona de casa”. Imbuída de boa fé, ameaço surpreendê-lo com um espanador em cada mão e tento animá-lo com a frase "era pior se tivesses que fazer um toque rectal”. E o meu telemóvel ilumina-se com a notícia: “Fiz um toque rectal hoje. Senti-me um violador”.
O pior é que este mau sentido de oportunidade se manifesta com frequência. Como no outro dia, quando pedi para passarem, num restaurante, um CD de música popular (vulgo, pimba), durante o aniversário de um amigo. Bastaram cinco minutos para constatar que aquilo conseguia ser pior do que o casamento de uma prima afastada no Bombarral. E é aí que uma convidada da festa me pergunta:
- “Mas porquê o Bombarral?”
- “Não sei, foi o sítio mais foleiro que me ocorreu”, respondo.
*Silêncio embaraçoso*
- “Ah. É que eu sou do Bombarral”, diz ela.
*Silêncio ainda mais embaraçoso (só desculpável por estarmos com os copos), seguido de gargalhadas*
O que vale é que a ideia parola de ouvir o CD tinha sido minha. Mas pior, pior, foi ver os turistas entrarem no restaurante, curiosos, pensando que toda aquela ambiência musical era oh, very typical, very exotic.
Boys have a penis, girls have a vagina
Show Me Heaven...
Mental note: trazer mais amigos cá a casa.
External note: Mãe, se estiveres a ler este post, Bacardi é um detergente para a roupa importado de Cuba.
Ele leva-me às nuvens. A sério.
I hear music, mighty fine music
Henri Matisse, 1939, La Musique
Todo Sobre Mi Suerte…
Afigurava-se um final de tarde memorável e acabou por sê-lo, em todos os sentidos. Comecei por absorver avidamente as palavras de Pedro Almodôvar na conferência de imprensa do European Film Festival. Além de ser um dos génios da sensibilidade humana (e, dentro da crueza dos seus temas, um mestre da delicadeza cinematográfica), o senhor Almodôvar ainda consegue ser humilde e afável. Ao ponto de ter revelado com um sorriso, perante a insistência de uma colega jornalista, que é o actor Lluis Homar quem vai partilhar o protagonismo com Penélope Cruz no seu próximo filme, que começa a ser rodado em Janeiro (o assunto era "proibido" de se abordar na conferência). Isso e muito mais, porque Almodôvar gosta de conversar, sempre de olhar sereno.
E pronto, deixo o Estoril (ainda) a sentir-me sortuda e escolho a Marginal como caminho de regresso, só para cheirar a maresia. Acontece que hoje foi o Dia do Apocalipse. O fim do mundo em tubos de escape. De maneiras que fiquei 1 hora e meia no trânsito até chegar à minha segunda casa. Porque a primeira casa ainda fica a uma boa hora de fila e esta secretária de trabalho já me pareceu menos confortável para bater uma soneca.
Lição de vida nº 5674
Outro dia, lá fui eu toda lampeira (como eu gosto desta expressão) cumprir o meu ritual Ypsilon. Em má hora o fiz, já que a Srª Quiosca (vamos chamar-lhe assim) se preparava para ir encher um garrafão de água ao café. Disse-lhe para não se preocupar, que eu ficava a espreitar as revistas enquanto ela não regressava, mas eis que fui presenteada com uma história da sua infância nas Beiras, dos tempos em que ia buscar água à fonte. Pergunto-lhe se tem saudades desses tempos e a resposta surgiu clara como a água que ficou pelo caminho: “Claro, filha. E não são saudades de ser jovem. São saudades de quando as coisas eram mais simples. As pessoas não viviam fantasias. Era a vida real, percebes?”.
A Mala e a Arrumadora de Carros
Ora, já que os arrumadores de carros teimam em não andar identificados com crachás a dizer "hot wheels" ou "o meu furgão é maior que o teu", a sugestão para esta senhora arrumadora é muito simples: lose the hand bag. Siga o exemplo dos seus colegas de profissão e mostre-se descomprometida para com todo e qualquer bem material. Sem nada nas mangas, vá lá, para parecer verdadeiramente empenhada em orientar condutores azelhas e não se afigurar como alguém que, a qualquer instante, vai tirar da carteira uma fotografia dos filhos para mostrar às suas colegas de trabalho.
Se continuar a providenciar lugares de estacionamento de mala ao ombro, senhora, não vai conseguir alimentar esses seus filhos. Eu prometo que, da próxima vez, a gorjeta chegará sob a forma de uma bolsa de cintura em camuflado.
Eclectismo (ou esquizofrenia) é…
Quem alinha numa pillow fight?
I could sleep
when I lived alone
Is there a ghost in my house?
Band of Horses - Is There a Ghost
Is there a ghost? No, it's mosquito Josué back in town! :)
Duas citações que andam nos Rascunhos do telemóvel há meses
'A Janela Indiscreta’ de Hitchcock. Que é como quem diz… ou se está talhado práquilo, que nem o coração da melancia, ou qualquer esforço para exibir qualidades é sempre inglório – e quase sempre ridículo. Sobretudo quando não as temos, hihih.
2. «Um maverick pode seguir o seu caminho, mas não diz que esse é o único caminho nem o melhor caminho - excepto talvez para ele».
Orson Welles, o nosso ‘merceeiro de bairro’ durante uma amena conferência estudantil, a relembrar-me a ignobilidade da intransigência. Está num dos extras do ‘Citizen Kane’.
Awkward...
Três momentos embaraçosos das nossas vidas:
- Um grupo de vinte pessoas canta os “parabéns” na festa de aniversário do senhor (fictício) João Azevedo. Quando chegam ao verso ‘para o menino tal’, ouve-se uma mistura atabalhoada de nomenclaturas, que vão do ‘para o senhor João’, ‘para o Azevedo’, ‘para o meu papá-á’ ou ainda, no caso das pessoas menos chegadas ao aniversariante, ‘para aquele senhor que foi meu companheiro de camarata no Ultramar’. E que tal passarmos a combinar a quem é que vamos desejar os parabéns, antes mesmo de começarmos a cantoria?
- Ocupamos a última cadeirinha disponível na sala de espera do centro de saúde. À medida que vão chegando utentes, o nosso cérebro faz a selecção automática de cedência de lugar através de um julgamento especulativo de idades. Eis que entra uma senhora de 50 anos (com aparência de 80) e nós hesitamos – levantamo-nos ou não? Gotas de suor escorrem pela testa. A senhora repara no nosso ‘vai, não vai’ e vira a cara, ofendida. Desculpe, tem razão, eu só queria ficar de pé nas próximas 2 horas.
- Passamos horas a conversar com um desconhecido. Reencontramo-lo por mero acaso e a so called chemistry lá aparece. ‘Podias ser a mulher da minha vida’, diz ele, seguido do previsível ‘tens que conhecer a minha namorada’ (porque Deus tem sentido de humor). E é aqui que vem o sorriso cúmplice de embaraço. Nós anuímos de volta, com quem diz: "Ainda bem que tens maturidade emocional para saber que o amor não é (só) deslumbramento nem fascinação, como cantava a Elis. É respeito, admiração e confiança". Mas, chiça, custa a disfarçar a saliva engasgada na faringe. Glup para o ego!
Amanhã, Talvez
Um dia, prometo deitar-me no banco de trás do carro, cerrar os olhos e tentar adivinhar as coordenadas do meu batimento cardíaco só pela forma das nuvens. Como fazia quando era miúda, dispersa nas curvas das minhas fantasias.
Um dia, prometo deixar-me de procrastinações, teorizar menos e agarrar o infinito pelos, errrrmm, cornos.
Hey Mr. Queijo Man
Boa Noite e um Queijo para ouvir AQUI ou, assim de repente, ALI.
Alinhamento na devida toca.
Now... Must... sleep... :)
Macaquinhos no Sótão
Afinal... qual é o limpa-chaminés que tem um toque de telemóvel do Noddy?
No fim do dia, a poeira assentou, mas a chaminé está mais conspurcada que nunca.
Pouca cabeça para escrever + trabalho a potes = usar canções para postar
I'm sick of feeling my soul
To people who'll never know
Just how purposeless and empty they've - sorry, I've - grown
Because the language confuses
like computers refuse to understand how I'm feeling today.
Porque fico sempre embevecida com os casais de velhotes a dançar nas festas das terriolas
P.S. Este senhor que aparece a cantar não é o Richard Hawley, este é que é.
Made Up Love Song #44
E tu, pinchavelho. Adoro quando me acordas a tocar piano, às 8 da manhã, apesar de eu mal ter aquecido os lençóis. Ou quando contas a história do "era uma vez um dragão que se chamava... (pausa)...dragão".
I love you through sparks and shining dragons. I do.
Guillemots - Made Up Love Song #43
Espirrar até à metafísica
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor!
0 que fui outrora foi um desejo; partiu se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando,
Não estarei bem se não me deitar na cama
Nunca estive bem senão deitando me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.
Álvaro de Campos
You, Kant, Always Get What You Want
Viva o John Cameron Mitchell, o brilhante realizador e protagonista deste "Hedwig - A Origem do Amor". Um bocadinho menos escandaloso que o "Shortbus", mas igualmente interessante. Estes diálogos são poesia.
Olá, eu sou a Ana e sou Chocoholic
For Life’s Boo Boos.
(Ao pesquisar imagens para ilustrar este post, descobri que ChocAid é também uma loja online de chocolate que ajuda no combate à fome na Etiópia, Nigéria e Bangladesh. O método persuasivo da minha mãe para uma boa alimentação – “há crianças a morrer à fome na Etiópia” – ganhou, finalmente, um sentido prático).
Sou um Sacrifício Humano…
…para o mosquito Josué, cuja estatura equivale à de uma criança de 4 anos, e que há três noites converteu o meu quarto na sua Insectolândia. Imagino-o em loops na montanha-russa Bracinho Quer uma Trinca, ou em arranques de Fórmula 1 no meu ouvido, mas montado numa Famel Zundapp.
Dei-lhe nome para ser mais fácil de insultar.
O Surrealismo
Um dia depois, a pandilha do costume decide travar amizade com um pato, em plena serra de Sintra, cenário onde também se teceram analogias puramente textuais entre fazer sexo e comer uma carcaça, à beira de uma lagoa resmengosa. Nessa mesma noite, prescindimos de um concerto de ska para formar, no bar do Coliseu, a devida claque a Portugal na dianteira da classificação no DançoVisão ou EuroDanção ou lá o que foi aquilo.
A terminar o fim-de-semana, e para atenuar os efeitos do concentrado de parvoíce, nada como um bocadinho de cultura-pelintra-porque-não-se-paga-entrada-nos-museus-aos-domingos-de-manhã, prestando a devida vénia ao Sr. Bosch, um surrealista muito à frente do seu tempo. Lá está, a analepse que, sem querer, serviu de mote a todo este surrealismo.
Quero!
Joy to the Bus
É com prazer que assisto, diariamente, aos desabafos das velhotas sobre o tempo ou, como foi o caso desta manhã, ao fértil desfilar das fantasias de um senhor de 62 anos que, no meio da sua triste história (desempregado, sem abrigo, dependente da Santa Casa para comer), levou um bocadinho longe a sua dissertação sobre a ausência de valores na sociedade: “Na escola, é uma rebaldaria. Os alunos têm relações sexuais nas casas-de-banho, fumam drogas… Até as professoras ficam contentes, embrulham-se com os alunos na casa-de-banho… ou então… mesmo ali… em cima da mesa… da sala de aula…”. E, pela primeira vez desde que entrou no autocarro, o velhote emudeceu, visivelmente perturbado pela fantasia que ele próprio acabara de criar, para deleite de meia centena de estranhos.
Ontem, o deleite galhofeiro foi outro. Uma mulher levantou-se do seu lugar e interpelou-me da seguinte maneira: “Pode tocar-me?”. De fones nos ouvidos, balbucio atrapalhadamente um “desculpe?”. A minha mente conspurcada só percebeu o obséquio quando a senhora insistiu mais duas vezes, indicando o varão do autocarro para que eu tocasse na campainha para ela sair.
Mysterious Skin
«Where normal people have a heart, Neil McCormick has a bottomless black hole. And if you don't watch out, you can fall in and get lost forever».
Soa a lugar-comum mas assenta que nem uma luva ao protagonista alienado deste “Mysterious Skin”. Sim, o miúdo do “3º Calhau a Contar do Sol” está feito um senhor-actor.
Obrigada, Senhor, por esta recordação
A melhor definição de exaustão, mas não a minha que estou fresquinha das férias
Está no “1984”, do George Orwell – o melhor amigo desta semana, que me acompanhou madrugada fora, numa estóica luta contra dores de estômago (sou bem menininha, hein?). Lição da noite: esperar que o processo de digestão termine antes de gabar os meus cozinhados. Constatação da noite: a música vem-me à cabeça nas situações mais estranhas. Para os nós no estômago às 4h46 da manhã, convidei a Ella Fitzgerald para cantar “I’ll tie a lover’s knot around wonderful you”.
Boys of Melody
São os canadianos Hidden Cameras que, depois de um concerto em Paris, saíram à rua para tocar o ‘Boys of Melody’. E o resultado foi este: dez músicos armados de guitarras, violinos, violoncelos, pandeiretas e xilofones, a actuarem ao longo do canal Saint Martin para uns quantos gatos-pingados. Mi-au!
Poesia Tauromáquica
Num dia normal, mudaria imediatamente de canal, mas a solidão urbana de Domingo fez-me sentir próxima do touro na arena. Ou então a seguir davam os Simpsons e dei uma hipótese ao “melhor da festa brava em Portugal”- o subtítulo do programa.
Ora, o que nos conquista neste “Arte & Emoção”? Precisamente o relato da tourada, tão eloquente ao ponto de me fazer anotar o palavreado cuidado do apresentador que, excitadíssimo, confere estados de alma dignos de um poema aos touros e respectivos toureiros:
- “O cavaleiro não enjeitou a oportunidade, mas na pega mostrou-se mais reservado”
- “Apático e indiferente esteve o touro do Conde de Múrcia”
- “A pega resultou sem chama”
- “A lide terminou ao som de violinos”.
Neste dia, percebi o que Alexandre O’Neill queria dizer com “Há palavras que nos beijam como se tivessem boca”, porque me apeteceu cobrir o touro de beijos.
Pomba branca, pomba branca
Alvíssaras a quem os trouxer a Portugal.
A Tosta Estava Toda Iluminada
Porque Faço Compras no LIDL
A menina da caixa ri-se e não perde pela demora:
- Ah, és Pereira – diz o nosso herói, lançando um olhar à placa de nome da destemida trabalhadora – Então podias ser minha irmã também.
- Não que eu sou filha única – responde a moçoila, sorridente.
À falta de melhor, o motor endócrino expele:
- Filha única. Espectáculo. (Pausa) Então… até amanhã.
E despede-se, triunfante, abanando notas de 20 euros.
Isto, senhores, é engate de primeira.
Quando a Mente Fica Preguiçosa das Férias...
O Mimo Vicia
Guardei-o no buraquinho do dente, vamos ver até quando é que dura.
O Meu Conceito de Férias
Apostar na dislexia enquanto acompanho os últimos momentos de Harry Potter em inglês.
Ultrapassar um velho motard montado na sua Harley Davidson que ouve, num rádio com potência suficiente para chegar a todo o distrito de Faro, as meninas Pipettes cantando 'Your Kisses are Wasted on Me'. Não, não eram os Doors nem sequer Jean Michel Jarre.
Depois de um Sudoeste a chover, diria que estas férias me estão a deixar dormente. Ou então é só da anestesia.
O Expoente da Vaidade
Vai daí que a canção ‘Ouvi Dizer’ não me sai da cabeça desde manhã
(há sempre um bom pretexto para recordar os Ornatos, não é Lia?)
Dá-le, Espadinha:
A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoooeeente da loucura!
Ora amarga, ora doce,
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura.
We’re half-awake in a Fake Empire
E agora digam-nos se é justo meterem os National a tocar às 2 da manhã de Domingo no Sudoeste?
Os Canalhas
Sobre a incomunicabilidade de Antonioni, muito mencionada nos telejornais de ontem, recordo a partida de ténis mais estranha de sempre em “Blow Up”. Ok, aqui é mutismo. Mas melhor ainda é este beijo entre Monica Vitti e Alain Delon, n’”O Eclipse” – reparem bem nas mãozinhas dos jovens:
Do senhor Bergman, que muitos diziam entender as mulheres como ninguém, destaco a cena cómica do elevador num filme que nem é nada de especial (humildemente reconhecendo o meu desconhecimento da restante obra do senhor). Chama-se “Segredos de Mulheres” mas, como o youtube não tem o vídeo (o drama, o horror), faço aqui o apelo para rumarmos aos cinemas King e vermos as reposições dos filmes de Antonioni e Bergman.
(Nota pós-post: a reposição é este fim-de-semana e eu não estarei cá. Quem tem DVD's pra emprestar? Troco por bolinhos de massapão).
O que mais gostei em Chicago, Chicago
- O nosso hotel, o mais animado dos vinte quarteirões adjacentes. Mal pisávamos o passeio diante da entrada, começávamos a ouvir música. No guia de Chicago, dizia que os hóspedes do Hotel Allegro eram acordados com um trompete precisamente às 9h01 da manhã. Quando tentámos confirmar a informação na recepção, riram-se, desmentiram o mito e não cobraram o upgrade de quarto single para triplo.
- O teatro, mesmo ao lado do hotel, onde estava em cena o musical da Oprah Wimphrey, “A Cor Púrpura”. Todas as noites contemplávamos a forma como as americanas se vestem para ir ao teatro, que é mais ou menos como a nossa tia mais pirosa iria a um casamento entre primos no Bombarral.
- O espectáculo de comédia no Second City, por onde passaram meninos como o Steve Carell ou o Bill Murray. Comédia de improviso genial, com os prováveis next big thing dos Estados Unidos. A expressão “crack whore” foi várias vezes aplicada a Victoria Beckham.
- O manhoso bar de blues “The Back Room”, onde conhecemos o mafioso Jerry. Quis pagar-nos bebidas e, perante a nossa recusa, investiu na jovem do lado, que em cinco minutos já era apresentada como “my lady”. Tanto o Jerry, como o seu capanga – o matulão de dois metros a quem Jerry chamava de “enteado” – tiveram sorte nessa noite e abandonaram o bar bem acompanhados, ao som de Miles Davis e John Coltrane.
- A conversa e a galhofa. A Susy Paula foi lá ter, um mês de ter ido para N.Y., e levou mimo que chegue para outro mês. Também lá estiveram a soul sista Kelly, da Carolina do Norte; a local de Chicago, Arcelia, que nos alertou sobre os gangs dos subúrbios ("eles conhecem o carro dos meus pais, não há problema"); e as queridas ouvintes, que alinharam neste nosso gang intercontinental.
- O Empire State Building visto do aeroporto de Newark, que me fez congeminar de imediato um plano para ir a N.Y. na passagem de ano. Quem quer vir?
(Era isto que se ouvia na Roda Gigante do Navy Pier de Chicago – Frank Sinatra, com “My Kind of Town”).
The Birds and the Bees
=
Ensinei o Rafa a reconhecer o mestre do suspense. “Hitchi-cocki”, disse ele, do alto dos seus 2 anos e meio, acrescentando: “Oia, é um pinguim”.
A sensibilidade artística deste miúdo não pára de me surpreender. Aqui há uns tempos, olhou para uma fatia de pão e, na sua mente pura de traquinice, comentou: “Pareche um corachão”. Uns dias depois, delicia a sua mãe com uma história que ele próprio inventou sobre “uma tataúga que vive numa melanchia”. E, claro está, passa os dias a cantar. Do género de inventar letras alternativas para a Carochinha e a Loja do Mestre André, contemplando a família e os colegas do infantário como personagens das cantigas.
Não é por ser meu sobrinho (a baba transborda pelo Alqueva), mas o Rafael é um génio ao nível do Hitchcock - só que com menos cocó de passarinho.
O Queijo e o Vitor Espadinha
Alinhamento escolhido na hora, e em cima do joelho, no blog do Boa Noite e um Queijo. Nós gostamos mesmo de rádio, senhores. :)
A Personalidade das Lojas
Reiterando a ideia de que as lojas também têm personalidade, este fim-de-semana tive a prova de que a Bershka é perfeitamente esquizofrénica. Ora, estou eu a escolher tops a 3,99 euros e está o Ne-Yo a cantar o seu ‘Sexy Love’, ou seja, o R&B adolescente que se quer. Mas eis senão quando começa a dar Morrissey. ‘You have killed me, you have killed me’, ouço o ex-líder dos Smiths cantar, enquanto deixo cair as peças que tinha para experimentar e cantarolo alegremente, já disposta a comprar metade da loja. A alegria durou pouco, porém, já que 30 segundos depois a música estava fora do ar para dar lugar à Janet Jackson. Imaginei, no interior da loja, um senhor ralhando com uma miúda de pastilha elástica azul e crista amarela: "Mas o que é isso - queres que os adolescentes entrem em depressão e mudem de orientação sexual? Mete lá a Janet, que ao menos mostra a mama no Super Bowl".
Must Be The Moon
Grande concerto no Coliseu dos Recreios, camandro. Topem bem o estilo descomprometido do senhor Nic Offer, dançando que nem um epiléptico com os seus movimentos angulares. Passou mais de metade do tempo no meio do público e provou ser a lava incandescente deste «vulcão em forma de três pontos de exclamação».
O resto do Dance Station, foi um grande "blergh" para mim, mas por padecer de uma alergia à electrónica em estado puro, que me causa verdadeiro sofrimento físico. Portanto, o melhor é mesmo lerem as reportagens imparciais dajamigas Cotonética e Blitziana.
Birra Três em Um
2. Hoje, esqueci-me dos óculos em casa. Sou muito pitosgas. De maneiras que passei o dia a trabalhar em frente ao computador com os meus óculos de sol graduados. Enfrentando mil perguntas e olhares de soslaio, mas também curtindo várias imitações de Stevie Wonder.
3. Ainda não é desta que vou a N.Y. Buahhhhhh, vá láaaaa. Cosmos, estás a ouvir-me? Conspira a meu favor - prometo fazer reciclagem até ao final dos meus dias e ajudar os velhotes a entregarem os boletins do totobola!
Desesperadamente arranjando desculpas para não fazer dieta este Verão
Porque é que gostamos de comentar que fulano está mais gordo e que cicrano usa aparelho, mas somos incapazes de dizer: “O teu intelecto desenvolveu imenso nos últimos tempos” ou “é bom constatar o quanto amadureceste emocionalmente”?
Boa parte da culpa nesta valorização excessiva do corpo vai directamente para o senhor Vinicius de Moraes, mais a sua "Receita de Mulher". Reparem bem nas exigências que o poetinha fez ao sexo feminino:
1. «Uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes» - Hã? Há aqui uma expressão brasileira que me escapa ou os produtos do Mestre Maco e da Maxmat são sedutores para os homens?
2. «Mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo» - Ok, aqui já reconheço as hormonas.
3. «É preciso que as extremidades sejam magras: que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente» - Para que as extremidades magras e os ossos despontados façam furinhos no corpo alheio.
4. «É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio. Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)» - Vamos a correr comprar fertilizante para jardim e um tubo de pomada Bepanthene à farmácia.
5. «Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do 1.° grau» - No tempo em que os termómetros eram vendidos em sex shops.
Ground Control
Um resumo de 10 dias a tomar conta de 45 americanos:
- 1 Professora alimentada a soro no hospital;
- 1 Aluna que perdeu o passaporte;
- 3 Miúdos que ficaram sem carteira e sem cartões de crédito;
- Visitas a Roma, Assis, Florença, Paris e Londres.
Na Básílica de São Francisco de Assis, a minha nova amiga antropóloga que passou largos meses no Senegal e no Peru (e que quer vir dar aulas de inglês para Portugal, porque cá temos tribos tão interessantes como os índios da Amazónia), foi benzida por um monge de 75 anos, que teve uma premonição do seu casamento dentro de 18 meses.
Na viagem de Florença para Paris, mais de metade dos miúdos andaram de comboio pela primeira vez. Em Paris, mais de metade dos miúdos andaram de metro pela primeira vez (a maioria deles vem do sul dos Estados Unidos, tem quintais com hectares de mato e tem de pegar no carro para ir até à casa do vizinho mais próximo).
Em Londres, passámos em Downing Street no dia em que Tony Blair passou o testemunho a Gordon Brown e, naturalmente, cruzámo-nos com imensos manifestantes anti-guerra. Na manhã em que nos íamos embora, tivémos os carros armadilhados em Londres. Antes disso, uma jovem (a quem chamei sem querer “shallow”) perguntou-me, acerca de Picaddily Circus: “Are we actually gonna see a circus?”. Também conheci o miúdo de 19 anos mais educado e humilde de sempre. Tinha trabalhado um ano inteiro numa bomba de gasolina para amealhar dinheiro para a viagem. Não conseguiu. Mas a avó faleceu e, como o seu sonho era conhecer Paris, deixou-lhe 3 mil dólares para ele poder viajar até à Europa.
Há muitas histórias humanamente enriquecedoras a assinalar. O problema é que ainda não descansei o suficiente para conseguir processá-las. Mal cheguei a casa, fiquei esmigalhada por outra missão em Madrid, com o genial pai dos Simpsons. Agradeci-lhe por ter criado toda uma geração de cínicos felizes e ponderei prostrar-me aos seus pés, tentando honrar ao máximo as amigas Lia e Susana (beijos e saudades para NY, my friend), fãs nº 1 em ex aequo da melhor série de animação do mundo.
Agora, de regresso ao trabalho, não tenho coragem para me baldar ao melhor cartaz de sempre do Super Bock, de maneiras que não durmo como deve de ser há uma série de noites. E ainda não matei todas as saudades. Yes, I’m lame.
De Volta, mas com o Cérebro a 5%
Yah Yah Yah
Como eu Gosto do Ridiculo - Parte I
Depois, rebento uma caneta e passo o dia inteirinho com um borrao azul escuro do numas calças cremes. Ciao, bella!
The Roaming Is Out There
"Ah e tal, mas vais visitar montes de sítios". Sim, e aturar 48 estranhos durante duas semanas. Mas, tal como a escrita me serve de psicanálise (começamos textos pensando que somos uma merda, para depois percebermos que somos só um excrementozinho aceitável), estas tours são sempre um bonito enxerto de aprendizagem. Foi graças a elas que conheci uma mexicana adoptada por um casal de americanos (com idade suficiente para serem seus bisavós) e que, aos 16 anos, nunca tinha visto o mar. Ou uma loura platinada, claramente retirada de um filme tontinho de sábado à tarde, cujas primeiras palavras dirigidas à minha pessoa saíram assim: "(Suspiro) I love your shoes".
Estou nervosa, claro. Mas espero regressar mais crescidinha e com boas histórias para contar. Beijos, amigos e família. Até Julho.
Faltam 1, 2, 3, 4 Dias!
Assim canta a menina Feist.
Dolce Vita, here I come!
Quase de Partida
Ando às voltas a esquecer quem sou
Bebo a noite até o Sol chegar
Ele sempre me encontrou"
Rádio Macau – Acordar
Intergalactic Planetary
Agora digam lá que se importavam de ter um avô assim?
Dia do Ambiente faz lembrar...
Agora vou ser uma boa cidadã e libertar uns gases para a atmosfera, que o Ambiente faz anos e precisa de atenção.
Shortbus
Filme e banda-sonora aprovados. ;)
We're All Kids When it Comes to Emotions
-> Estremecemos ao som da frase “ele entra-me por dentro da pele” e lançamos um sorriso melancolicamente lúgubre à nossa amiga sarapintada de amor-em-pó, que nos conta as últimas do seu enamoramento.
-> Emocionamo-nos quando a mana nos chama “pita” e coramos com os mimos dos amigos, embora temendo as reacções quando lhes perguntamos dez vezes seguidas se querem almoçar connosco. Ninguém aqui está carente, está bem?
-> Picamos as estações, ouvimos um sucesso dos Take That (controlem a náusea) na Romântica FM (aguentem só mais um bocadinho) e não mudamos imediatamente de posto. Pelo menos a canção chama-se 'Love Ain’t Here Anymore' - assim sim, mantemos a compostura.
Tudo isto para dizer: também quero uma prenda do Dia da Criança.
Queijinho às Escuras
Alegria, é a magia da MPB!
Do brilhantismo, passamos para o alcoolismo. Tom e Vinicius (dois amigos, dois irmãos), bêbados de casco, cantando 'Pela Luz dos Olhos Teus'.
Que o vosso amor «seja infinito enquanto dure», meus caros. (Percebem agora por é que ele se casou 9 vezes?)
O Amor num Saco de Enjoo
Pois bem, ao mesmo tempo que fazemos uma tenda com os lençóis, começamos o conto (que se queria de embalar) com: “Era uma vez um cowboy do espaço que tinha uma plantação de figos num satélite de Júpiter”. E se, ainda assim, o sobrinho absorve as nossas palavras avidamente como se de um blockbuster se tratasse, é só porque a demência é genética.
Depois, chegam os adultos e percebemos que esta coisa de estimular o hemisfério direito do cérebro faz-nos parecer imaturos. A prova: os olhares de soslaio do tio quando sugiro que os brindes para os convidados do seu casamento sejam saquinhos para o enjoo. É que o tema (!) do casamento era para ser viagens, catano.
E agora para um pouquinho de serviço público
Sonho com o dia em que, depois da previsão do estado do tempo, os animadores de rádio possam anunciar a previsão dos níveis de pólen. Obrigada, Sr.ª Internet.
A Sorta Fairytale
- a música, a letra e o vídeo são sublimes;
- o Adrien Brody não fica nada atrás;
- a Tori Amos é grande e tem novo álbum na calha (o novo vídeo também está catita, mas esta Fairytale supera tudo).
Queijo Alemão
A Personalidade dos Amaciadores de Roupa
Surpreendentemente, encontrei os amaciadores mais fascinantes de sempre num mini-mercado da margem sul, junto à minha antiga casa. Nas prateleiras do “Zé Neto” (assim se chama esta loja de bairro), travei conhecimento com o Quanto Ilhas Gregas, o Quanto Rosas de Verão, Quanto Colónia de Bebé e o Quanto Bons Sonhos.
Invejosa por querer fazer o mesmo com o cheirinho a maresia do Algarve, pergunto então: como concentrar o odor de Ilhas Gregas e engarrafá-lo? Juntando senhores chamados Panathinaikos e Aiakopolos, cortadinhos às postas e embebidos em ouzo? E a Colónia de Bebé, será antes ou depois do bebé ter bolsado?
Estes mestres do marketing conseguem, cada vez mais, impregnar personalidade aos produtos. E assim não há como não gostar deles. É que eu não quero um amaciador Ilhas Gregas, quero ir às Ilhas Gregas. Quero Verão. Quero um Bebé. E quero dormir bem e ter Bons Sonhos, de preferência com os duendes que estão dentro da máquina de lavar, fazendo festinhas à roupa para – lá está - amaciá-la.
Mais do que festejar um golo…
Queijinho Fresco
Com Modest Mouse, Of Montreal, os novos álbuns dos Polyphonic Spree e Editors, os National... enfim, só coisinhas boas. Alinhamento no blog do Boa Noite e um Queijo.
Tenho o Meu Rádio Sempre a Tocar
Estou para conhecer quem tenha despertado para o bichinho da rádio graças aos Onda Choc! ;)
Coisas idiotas que dizemos quando somos crianças
Era assim que eu defendia a minha vizinha de baixo. E não bastou o gozo dos miúdos da rua, como ainda me prestei a um atestado de parvoíce da minha mãe (daqueles com jeitinho) quando lhe contei, orgulhosa, o meu nobre gesto anti-racista.
- Três Asneiras Numa Só: “Masminhas” (referindo-me a uma cadela grávida de maminhas proeminentes), “Reflesco” (do espelho) e, a minha preferida, "Trisúltimo”. Para quê complicar? Antepenúltimo é para fraquinhos.
Há Dias Assim
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal
No alarms and no surprises
Silent, Silent
Radiohead – “No Surprises”
(Pronto, há horas assim. E minutos, pode ser?)
Há Canções Que Seduzem - Parte II
E também "Há Canções que Seduzem - Parte I".
Como aprecio o cheiro a catinga no autocarro
Vamos dizer “não!” ao suor das gentes que roçam todas as partes do corpo possíveis no passageiro mais próximo!
Vamos aplaudir os corpos ensopados pelos jactos de água disparados pelo alarme, ameaçando estatelarem-se a qualquer instante!
(Bem-vindo, Calor)
E é por isto que sou optimista
Joe Orton (1933-1967), dramaturgo inglês
Quando quiserem torturar alguém, eis a receita ideal
Se seguirem estes passos, o sofrimento provocado será duplo: o esforço mental para encaixar as peças do puzzle estará muito perto do dói-dói do estômago colado às costas.
Como vítima e ao mesmo tempo agressora, ressinto-me sobretudo dos neurónios, que mal dormiram de tanto tentarem encaixar coelhos, velhas e polacos. Gosto das charadas, mas temo que Lynch se torne um cineasta demasiado presunçoso para se aguentar 3 horas com 3 tramas alucinadas em simultâneo. Parece-me excessivo, embora aprecie a ginástica mental. Mas, porra, também não consigo odiar este império psicótico, porque lhe reconheço algum génio – odeio, isso sim, este limbo. Alguém me dê um lenço de seda e um cigarro para fugir a este universo paralelo.
La Dolce Vita
Si, mi fa piacere.
Queijo Trabalhador
ANDEM LÁ, OUÇAM O BOA NOITE E UM QUEIJO.
O alinhamento está no blog do pugama. :)
Já não Toca Música no Meu Blog, Pois Não? Foi Bom Enquanto Durou!
Na Memória
Fórmula V + F = A + 2 (Vértices mais Faces igual Arestas mais dois)
Com mnemónicas destas, estou francamente arrependida por não ter seguido Geometria (as nossas escolhas profissionais são sempre colocadas em causa quando não nos apetece trabalhar).
Obrigada, Wikipedia, por esta mnemónica adaptada às relações modernas entre "2 ou mais pessoas" .
Queijo Falante
Nesta primeira emissão na Rádio Zero, ouvimos The Gossip, Amy Winehouse, Black Rebel Motorcycle Club, Maximo Park, Cold War Kids, Patrick Wolf, !!!, Mutantes, Rufus Wainwright e encerrámos com os The National. Precisamente às 22h55 de dia 24 de Abril, recordámos o sinal de há 33 anos, quando os Emissores Associados de Lisboa passaram "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho.
Agora, as desculpas que se esperavam: Quando o jovem director nos disse "estão no ar", tínhamos conhecido o estúdio há 10 minutos. Portanto, lamentamos as barraquitas e a conversa (por vezes demasiado) fiada. Há algum tempo que não fazíamos emissão, tínhamos sede de micro. ;) Prá próxima será melhor!
The Corny Vs. The Bright Side Of Me
Depois, vi Alain Delon e Monica Vitti no “Eclipse”, do Antonioni. O filme termina com a marcação de um encontro apaixonado no sítio do costume. Nenhum dos dois aparece. E os 7 minutos finais só nos mostram imagens do local – o vazio daquela relação dispersa.
Super Avózinha
E porque é que a senhora que se segue me faz lembrar D. Maria Helena? É a vóvó de 82 anos do Ben Kweller no novíssimo vídeo "Penny On The Train Track".
Da 7ª para a 9ª Arte
Há também um livro nas bancas por apenas 8 euros.
Não, não estou a tentar engatar nenhum cartoonista.
(Cuidado com os seguranças do C.C. Olga Cadaval, que enxotam os visitantes às 18h00, mesmo que estes tenham vindo especialmente do Suriname para visitar a exposição).
Apresentação catita aqui.
1 Xis 2
O que ganhou: "A Scanner Darkly", muito falado pela originalidade do grafismo (as personagens "abonecadas" em cenários reais - o melhor exemplo que consigo dar é o teledisco do 'Take On Me', dos Aha). A história alucinada de vícios e desequilíbrios é baseada no brilhante livro do Philip K. Dick. O filme é um poucochito previsível, mas com um ambiente paranóico irresistível. Depois de ter estado no arranque do festival, na 5ª feira passada, "O Homem Duplo" (em português) vai directamente para DVD sem passar pela sala da partida.
O que perdeu: O novo do François Ozon, "Angel", que me provocou náuseas cerebrais. Descrevo-o como "E Tudo o Vento Levou" versão Disney. A protagonista é uma espécie de anti-heroína que apetece espancar do princípio ao fim (o que até é divertido), mas o filme está cheio de clichés e de personagens mal construídas. Fiquei abalada quando fui espreitar na tômbola dos votos e vi muitos 4 e 5. Eu tinha gostado do "Les Temps qui Rest" mas fiquei mto decepcionada com este.
O que empatou: Outro filme francês (tenho que me deixar disto), desta vez com uma história interessante, mas tãooooo lentinhooooo. Chama-se "Le Dernier des Fous" e tem um miúdo encantador de 10 anitos que cresce no seio de uma família louca - a mãe é uma psicótica-Júlio-de Matos-style que não sai do quarto, o irmão é um homossexual frustrado porque o namorado vai casar com uma mulher, o pai é ausente e transtornado pela doença da mãe. O problema é que o guião do filme não deve passar das 20 páginas (o resto são planos da casa, do cão, do ancinho, da avó, do celeiro, etc). Comparado com este filme, o "Climas" é de uma velocidade estonteante.
E porque é que, tendo em cartaz 200 e tal filmes, não escolho melhor a porra das longas-metragens que vou ver? Sou uma aprendiz de índia.
Brincar às Rádios Cojamigos
Mantemos a tradição das Terças-feiras – só a hora é mais tardia, das 22h às 23h, prójamigos poderem fazer ó-ó ao som das canções escolhidas por mim e pela grande Lia Pereira.
Prometemos também trocar receitas e dicas para tirar nódoas de gordura das carpetes.
(Logótipo da autoria do muy talentoso amigo António Baltazar)
Como Reconhecer uma Twisted Mind através de uma Peça de Teatro
A primeira peça chama-se "Richard McBeef" (em 2 páginas, encontramos logo pedofilia e homicídio) e a segunda "Mr. Brownstone" (na 1ª cena do I Acto, o protagonista entra num casino com um bilhete de identidade falso e comenta o seu desejo de matar "that old fart" - o professor, pois claro).
No Escurinho do Cinema
a) Acomodei o rabiosque nas cadeiras da Cinemateca.
b) Visionei um filme do João César Monteiro e vivi para contar a história.
c) Assisti, ainda, ao meu primeiro filme com cortes da censura.
Vamos por partes:
a) Confortáveis e fofinhas.
b) Era uma curta de 17 minutos sobre a Sophia de Mello Breyner Andresen (a duração do filme e a sujeita em causa foram dois bons motivos para ter sobrevivido).
c) Chamava-se “La Ragazza con la Valigia” e foi rodado nos anos 60 pelo italiano Valerio Zurlini, contemporâneo do Antonioni. Uma lição de amor ingénuo vs. desencanto adolescente com o melhor dos sentidos cómicos. Mais cómico ainda foi assistir à obra da censura, quer através das dezenas de cortes escandalosos (exemplo: a aproximação para o beijo, o corte, a cena seguinte com o casal já afastado, sem mostrar o colar dos lábios), quer na omissão de legendas (há uma cena em que a belíssima Claudia Cardinale fala sobre o seu ex-marido, um "comunista inteligentíssimo”. Nas legendas não aparece “comunista”, porque as legendas também comem criancinhas).
As Crianças Dizem Sempre a Verdade
Nesta dose extraordinária de probidade fim-de-semanesca, destaco o rasgo de ternura do Rafa que, depois de beijar o meu braço, tem a seguinte reacção espontânea: “Blargh. Tens pêlos”… Humpf. Eu estou a tomar cortisona, ok?!
Depois, as questões existenciais de crianças de 7 anos enquanto lêem essa bíblia anti-preconceito que é o livro “Não Faz Mal Ser Diferente”, dum boneco muito humanista chamado Todd. Entre ensinamentos como “Não faz mal ter pais diferentes” ou “Não faz mal ser adoptado”, deparamo-nos com “Não faz mal ter um amigo imaginário”.
- O que é um amigo imaginário? – pergunta a prima Bia, célebre pelo seu mimo em bruto.
(Escolher bem as palavras para não empurrar a criança para um filme do David Lynch, penso eu).
- É como se fosse um amigo invisível, que só existe na tua cabeça.
- Ah. Eu tenho um. Uma!
- Ai sim, então como se chama?
- Margarida. Eu brinco com ela quando estou sozinha.
Menos mal. Eu falava com formigas debaixo da mesa da cozinha.
Até que passamos a página e lemos:
- “Não Faz mal Ajudar um Esquilo a Apanhar Nozes”.
O Drama dos Esquilos.
Esta geração será, sem dúvida, muito tolerante. Ajudarão os esquilos com convites para serem seus amigos no hi5.
You Put Me in The Magic Position
Cancioneiro Anda-à-Roda
• “Eu fui à Bélgica de avi-a-ão, no aeroporto encontrei um borrachão. Pisquei-lhe o olho, apertei-lhe a mão, mas o que ele queria era um ponto de interrogação” – Estes eufemismos ficam mal aos adultos. Se cantassem “o que ele queria era facturar à grande, mas o importante é não ceder a aventuras promíscuas que só acabam bem nos Morangos com Açúcar”, isso sim, era educar. E borrachão é um gajo que bebe muito.
• “Toyota (tum tum tum). Toyota Hiace (tum tum tum). Meu amor (tum tum tum), partiu o pé (tum tum tum). Fui chamar (tum tum tum) uma ambulância (tum tum tum). Toyota (tum tum tum). Toyota Hiace (tum tum tum)” – Porque o meu amor é tão grande como uma carrinha de 6 lugares?
E ainda ficavam chocados quando perguntávamos o que significava “Tieta do Agreste, lua cheia de tesão”.
Aqui Vou ser Feliz
Alá ver isso.
Na Química FM, alguém se enganava sempre a apresentar esta 'Wolf Like Me', porque o nome estava errado no computador da emissão. Tão profissionais que dá saudades! :)
Tempestade Cá Dentro
É impressionante como o cinema pode ser terapêutico. "Climas" é um desses exemplos: um chá turco, em noite de chuva, para aclarar as ideias. A metáfora é justificável pelo nome do realizador, Nuri Bilge Ceylan (tipo chá do Ceilão), que é também o protagonista deste drama - e que parece o David Fonseca aos 45 anos.
Acção dramática lenta, personagens esmagadoramente bem construídas, o egocentrismo das relações explorado ao pormenor, e a certeza de que há pessoas incapazes de nos fazerem felizes. Pelo meio, a melhor cena de sexo animalesco dos últimos tempos, envolvendo um cacauet caído no chão de um requintado apartamento, em plena Istambul.
Não é filme armado à intelectualóide, amigos. É uma recomendação da Ana, que em boa hora me arrastou para fora de casa quando já estava deitada com uma valente dor-de-cabeça. (Nessa tarde, ela chamou-me infantil e eu tranquei-a fora de casa, provando saber lidar com as críticas com maturidade. É a grande vantagem de coabitar com os melhores amigos no mesmo andar do prédio).
Uhu!
«Irão tem 50 mil centrifugadoras nucleares».
Vou colocá-la ao lado da Barbie Burka.
I Took My Baby to the Train
Pop Levi - "(A Style Called) Crying Chic"
(ou como ser criativo com pouco dinheiro)
Crise dos 25
Não sei cozinhar (como a minha avó), não sei costurar (como a minha mãe), não sei cuidar de bebés (como a minha irmã).
Que raio de mãe vou ser assim?
Domingo de Páscoa
Faço parte daquele lote de hipócrito-católicos-pouco-praticantes. A última vez que fui à missa era noite de Consoada (atrás de mim, um casal de turistas ingleses também assistia a essa cerimónia exótica que é a Missa do Galo).
Esta Páscoa, ansiava por uma pequena bênção comunitária mas a missa tinha começado há uma hora. Voltei para casa, de mão dada com a mana, um pedacinho envergonhada por este nosso afastamento herético.
Bottom line: continuamos a acreditar em Deus, na tolerância e nas pessoas. Mesmo discordando das directrizes do Vaticano, destacamos o melhor que a igreja nos ensinou: o espírito comunitário sem beatismos, a solidariedade social e a partilha, tomando como exemplo o nosso amigo Jesus (“eu tenho um amigo que me ama, que me ama, que me a-a-ma”).
Se calhar tivemos sorte na paróquia; se calhar aprendemos a questionar a igreja; se calhar fizemos mal em aceitá-la assim, cheia de defeitos. Não me vejo de volta à rotina dominical, é certo. Mas gostava de ver uma igreja adaptada à nossa realidade, porque não deixa de ser um veículo privilegiado de transmissão de valores. Sem obediências cegas, mas com consciências esclarecidas.
E depois acordamos? ;)
Para quem anda às aranhas com as suas crenças, a Câmara Clara ajudou a clarificar a diferença entre fé e religião, em Domingo de Páscoa.
Mais Maneiras de Viajar de Comboio
- Perceber como o historial de abraços das despedidas soa cruelmente empertigado face aos sorrisos lambuzados das chegadas. Pouca terra, tu-tu. “Té, fica a bincar comigo” e o amor em estado puro a ecoar cá dentro.
- Tentar adivinhar os restos do almoço de Páscoa pelo cheiro das marmitas dos vizinhos e aconselhar o jovem da frente a partilhar os ovinhos de chocolate se quiser ser um bom cristão – “Porque há Jesus Cristo e há a Nossa Srª do Glacé”.
É a continuação disto. Because the world is one giant Intercidades. ;)
Boa Páscoa + Muitos Ovinhos
And Now, Live From the Caravan
Trabalho aborrecido.
Quem alinha tocar no meu Twingo?
Os preferidos deste medley: The Kooks, Editors e Ed Harcourt. Mas também temos Razorlight, Magic Numbers ou Martha Wainwright. E ainda o irresistível “she was frigid like a bible”, pelo Chris Difford.
The Cake Sale - Some Surprise
O Drama da Pastilha Elástica
Atrás de si, o drama. Um senhor de bombazine gasta vai berrando para a pastilha elástica colada ao banco. E são logo dois assentos mascados pela saliva seca.
- Era cortar-lhes as mãozinhas – grunhe o Velho Bombazine.
- Isso deve ser essa malta do Porto – opina o passageiro do lado, agora cúmplice na guerra-anti-flagelo-pastilha-elástica. E o comentário gera consenso porque é fim-de-semana de Benfica-Porto.
- Cuidado que isso está cheio de pastilha elástica.
- É uma vergonha. Deve ser essa malta que estuda.
- Não respeitam nada.
- É, e só ficam satisfeitos quando vêem tudo partido.
A páginas tantas, os passageiros sentados interrogam-se se estarão, também eles, infectados pela venenosa pastilha elástica que tomou de assalto o autocarro. Levantam-se e pedem aos seus vizinhos em tragédia para inspeccionarem os respectivos traseiros.
O Velho Bombazine abandona o Urban 90 e solta um gás tóxico. Interrogo-me se seria a sua vingança para a malfadada pastilha.
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