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R.I.P. Twingo - Paz ao teu Motor

E o seu último fôlego foi dado mesmo à chegada a casa dos meus pais, no término de uma viagem de 3 horinhas. Até nisto o meu Twingo era fiel: "Eu posso morrer, mas não ponho em causa a integridade física da minha dona", disse o Twingo corajosamente para o seu motor.
Gosto de interpretar isto como o meu próprio milagre natalício, optando por esquecer, por ora, aquilo que terei que desembolsar para o arranjo e/ou a aquisição de um novo maximbombo.

The Killers - The Great Big Sled



I wanna roll around like a kid in the snow
I wanna relearn what I already know
Just let me take flight dressed in red
through the night on a great big sled
I wanna wish you merry christmas
Ho HO HO

Sim, as canções de Natal são pirosas, tal como as cartas de amor podem (e devem) ser ridículas... porque Natal que é Natal também se quer bem lamechas e pirosinho.

A todos, uma boa embriaguez de amor :)

Frontalidade pode ser confundida com insensibilidade, disse a amiga…

… e eu lembrei-me desta cena do “Trust”, do Hal Hartley.

Maria: He's dangerous but sincere.
Nurse: Sincerely dangerous.
Maria: No, he's dangerous because he's sincere.


Sugestão: viver no limite, mas com jeitinho.

Merry Xmas, Orange is Over

É desolador apanhar um autocarro às 9 da noite – as mãos que nem glaciares, pálidas como um boneco de neve – e ser abordada na paragem por um pedinte franzino.
- “Uma moedinha? É para comer, a sério”.
Tiro uma laranja do saco e digo-lhe para comer aquela que é bem docinha. E depois penso: “Bolas, se o gajo já não tiver limões, vai recorrer àquela laranja. Espera, volta aqui que também tenho bolachas integrais!”.

Há Canções que Seduzem - Parte III

Para não variar nos filmes do Quentin Tarantino, há que prestar a devida vénia às suas bandas-sonoras.
Em "Deathproof", não bastava ter realizado o desastre automóvel com maior cobertura de ângulos, como o sacaninha (termo carinhoso) do Tarantino ainda escolhe este ‘Hold Tight’, do Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich, para dar classe a uma perna decepada, projectada para fora do carro.
Pronto, já nem falo na lap dance ao som do ‘Down in Mexico’, que escorre sexo em cada acorde. Vou só partilhar mais este - dentro da dinâmica “bora lá brincar ao capuchinho vermelho” - ‘Baby It’s You’ dos Smith (1969).



E também há canções que seduzem Parte I e Parte II. Mas se é meninos que querem fazer, nada como ouvir o minuto da natalidade, todas as manhãs, com os 3 da vida airada: o meistre, a margem-sulense-power e o mano.

Merceeiro de Bairro

O meu merceeiro de bairro podia ser o típico gorducho-simpático que faz trocadilhos com o total da conta e que pergunta “queria, já não quer?”. Mas não é. O meu merceeiro de bairro é um gorduchinho-luminoso-simpático que, ao ver-me abastecer o stock de vitamina C para curar a constipação, diz-me que eu devia fazer reiki. Porque ele tem o 2º nível de reiki e acha que o segredo está nas energias. E eu acredito! Mas agora tenho vergonha de ir lá comprar os legumes para a sopa.

Nota: Merceeiro de bairro faz-me lembrar esta frase do Orson Welles.

Espírito Natalício

Sinto-me imbuída de amor. E como nunca é demais dizer o quanto amamos os nossos amigos, aqui fica a prendinha que quero que recebam / ofereçam este ano:



É o sketch do Natal passado no Saturday Night Live, com o convidado especial Justin Timberlake. Aguentem, pelo menos, até ao refrão.

Li e aplaudo

“Ocupado”, “cansado” ou “sem tempo” são desculpas equiparáveis à existência das armas de destruição maciça. Uma desculpa é uma rejeição educada.

O meu pacote de açúcar

“Um dia, vou cobrir o meu corpo com pozinhos de ouro e deixá-lo viajar no teu sopro”. É hoje o dia.

Poço dos Sonhos

“Sonhei com o Big Bang”.
Parece o título sensacionalista de uma revista esotérica, mas podia bem ser o meu epitáfio, e não apenas a descrição de um dos sonhos parvos que me atormenta no leito – nessa categoria, aliás, destaco o sonho do fim do mundo no Seixal (porque o Seixal é um mundo encantado da periferia, comparável ao Shire do Tolkien), onde só sobrevivia ao fim do mundo quem se enrolasse em folhas gigantes de papel de alumínio.
Diz a imensa pedra filosofal que o sonho é uma constante da vida. Mas o problema é quando alimentamos demasiados sonhos ao mesmo tempo, por querermos fazer tudo o que nos apaixona, e depois percebermos que somos incapazes de nos concentrar numa única coisa de forma exímia. Foi assim com a fotografia (prometi a mim mesma dar seguimento ao curso de Verão), com a guitarra (fazia dói-dói nos dedos), com o piano (não há tempo para praticar) e com a dança (ok, aqui a professora ficou incapacitada de dar aulas, por isso eu só fui solidária no adeus).
Ontem, comecei um novo cursito, desta vez de Encenação e Dramaturgia, mas tenho a desculpa de que o teatro já é uma paixão reincidente. Pronto, talvez viva depressa demais, mas vou tentar estar atenta à viagem para que a vida não me passe ao lado.

Saturday Night

O fim-de-semana recompõe os ânimos. E eu passei boa parte dele a inventariar os livros de uma amiga, enquanto a TV debitava a gala da Operação Triunfo.
Sim. Nada como aproveitar a louca noite de Sábado para criar uma folhinha de Excel com quatro colunas: “Título”, “Autor”, “Género” e “Observações” (porque a Doris Lessing ganhou este ano o Nobel e merece que isso permaneça registado no prestigiado catálogo bibliotecário da Pat, assim como todos os escritores premiados com o Man Booker Prize ou o Prémio Estónio do Livro Amestrado).
Melhor que isto, só se tivéssemos anotado os 186 livros (ainda vamos a meio da estante) ao som da Whigfield. Tiri-rara-ra!

*Eu não devia escrever isto... mas não é que nos divertimos mesmo?...*

It's the nighttime baby, don't let go of my love

Esteve na Aula Magna esta semana – mas, para pena nossa, encontrámo-lo adoentado e resmungão. Josh Rouse é um songwriter americano que se mudou para Espanha por amor e, só por isso, já merece o nosso respeito. Por isso e por ter uma carrada de canções e álbuns folk-pop-fofinho (um novo estilo musical largamente utilizado nesse programa extremamente credível que é o Boa Noite e um Queijo).
Ainda me lembro das primeiras vezes que Mary John e Lia Gamma me importunaram com o álbum “1972". Devo-lhes um valente obrigada por me terem despertado para esta (e outra) música da boa. Como os National, por exemplo.
A canção que se segue faz parte do álbum “Nashville” e é aqui tocada ao vivo em Austin, Texas, a poucos quilómetros – lá está – de Nashville.



Uma das razões tolas para gostar deste 'It’s the Nightime’ é precisamente esta parte da letra:

And maybe later on
After the Late Late Show

(O que pressupõe que Josh Rouse seja espectador assíduo do Conan O’Brien)

We can go to your room
I can try on your clothes

(
Experimentar as roupas da amada pode não ser provocador, mas mostra que o senhor não tem problemas com a sua masculinidade)

You know I'm not the kind of man
To come on so strong

(Mas devias, Josh, mas devia)

But when you look as good as you do
I knew it wouldn't be long
(Imagino-o de cinto de ligas, enrolando umas plumas em torno da sua amada)

Sentido de Oportunidade

Tenho um amigo no último ano de medicina que me enviou uma mensagem dizendo que “ser aluno de cirurgia no Garcia da Orta faz uma pessoa ambicionar ser dona de casa”. Imbuída de boa fé, ameaço surpreendê-lo com um espanador em cada mão e tento animá-lo com a frase "era pior se tivesses que fazer um toque rectal”. E o meu telemóvel ilumina-se com a notícia: “Fiz um toque rectal hoje. Senti-me um violador”.
O pior é que este mau sentido de oportunidade se manifesta com frequência. Como no outro dia, quando pedi para passarem, num restaurante, um CD de música popular (vulgo, pimba), durante o aniversário de um amigo. Bastaram cinco minutos para constatar que aquilo conseguia ser pior do que o casamento de uma prima afastada no Bombarral. E é aí que uma convidada da festa me pergunta:
- “Mas porquê o Bombarral?”
- “Não sei, foi o sítio mais foleiro que me ocorreu”, respondo.
*Silêncio embaraçoso*
- “Ah. É que eu sou do Bombarral”, diz ela.
*Silêncio ainda mais embaraçoso (só desculpável por estarmos com os copos), seguido de gargalhadas*
O que vale é que a ideia parola de ouvir o CD tinha sido minha. Mas pior, pior, foi ver os turistas entrarem no restaurante, curiosos, pensando que toda aquela ambiência musical era oh, very typical, very exotic.

Boys have a penis, girls have a vagina

OK, no meu tempo já ouvíamos ofensas de todo o tipo. Mas a crueldade infantil adaptou-se aos tempos modernos. Outro dia, estava eu num parque infantil, quando ouvi uma miúda de 7 anos dizer ao seu amigo: “Sai da frente, seu gay”. O amigo estava a impedir-lhe a passagem no escorrega e, exprimindo toda a sua ira, desatou a correr atrás dela, ameaçando-a de pancada, enquanto gritava “sua lésbica, és travesti”.

Show Me Heaven...

Quão deprimente sou eu se começar a beber Bacardi sozinha em casa? E quão alcoolizada é preciso estar para cantar (gritar) êxitos ‘Show me Heaven”, da Maria McKee, sem me auto-censurar?
Mental note: trazer mais amigos cá a casa.
External note: Mãe, se estiveres a ler este post, Bacardi é um detergente para a roupa importado de Cuba.

Ele leva-me às nuvens. A sério.

Depois do speed dating, o sky dating. A SkyEurope estreou o skydating em Portugal, um novo método, mais aéreo que o habitual, para arranjar namorado ou namorada. Medo. O artigo completo está aqui.

I hear music, mighty fine music

Instinct must be thwarted just as one prunes the branches of a tree so that it will grow better --- Henri Matisse


Henri Matisse, 1939, La Musique

Thinking outside the box

Todo Sobre Mi Suerte…

Ou como se sentir a pessoa mais sortuda e mais miserável do mundo em uma só hora.

Afigurava-se um final de tarde memorável e acabou por sê-lo, em todos os sentidos. Comecei por absorver avidamente as palavras de Pedro Almodôvar na conferência de imprensa do European Film Festival. Além de ser um dos génios da sensibilidade humana (e, dentro da crueza dos seus temas, um mestre da delicadeza cinematográfica), o senhor Almodôvar ainda consegue ser humilde e afável. Ao ponto de ter revelado com um sorriso, perante a insistência de uma colega jornalista, que é o actor Lluis Homar quem vai partilhar o protagonismo com Penélope Cruz no seu próximo filme, que começa a ser rodado em Janeiro (o assunto era "proibido" de se abordar na conferência). Isso e muito mais, porque Almodôvar gosta de conversar, sempre de olhar sereno.
E pronto, deixo o Estoril (ainda) a sentir-me sortuda e escolho a Marginal como caminho de regresso, só para cheirar a maresia. Acontece que hoje foi o Dia do Apocalipse. O fim do mundo em tubos de escape. De maneiras que fiquei 1 hora e meia no trânsito até chegar à minha segunda casa. Porque a primeira casa ainda fica a uma boa hora de fila e esta secretária de trabalho já me pareceu menos confortável para bater uma soneca.

Lição de vida nº 5674

A senhora do quiosque de jornais na Sampaio e Pina é conhecida pelos seus pólos opostos de simpatia e de brusquidão. Na verdade, podemos dizer que a senhora é genuína, porque deixa transparecer, com alguma frequência, a verdade que habita dentro de si.
Outro dia, lá fui eu toda lampeira (como eu gosto desta expressão) cumprir o meu ritual Ypsilon. Em má hora o fiz, já que a Srª Quiosca (vamos chamar-lhe assim) se preparava para ir encher um garrafão de água ao café. Disse-lhe para não se preocupar, que eu ficava a espreitar as revistas enquanto ela não regressava, mas eis que fui presenteada com uma história da sua infância nas Beiras, dos tempos em que ia buscar água à fonte. Pergunto-lhe se tem saudades desses tempos e a resposta surgiu clara como a água que ficou pelo caminho: “Claro, filha. E não são saudades de ser jovem. São saudades de quando as coisas eram mais simples. As pessoas não viviam fantasias. Era a vida real, percebes?”.

A Mala e a Arrumadora de Carros

Este Domingo, uma mulher bem arranjada de mala a tira-colo acenou-me entusiasticamente, indicando o lugar perfeito no parque de estacionamento do Fonte Nova, mesmo em frente a uma das entradas do centro. Saí do carro, a senhora disse-me 'Boa tarde', eu respondi com um sorridente 'obrigada' e segui o meu caminho. Demorei uns minutos valentes a perceber, depois de seguir a trajectória da senhora junto dos carros, que se tratava da primeira arrumadora de carros a entrar na minha vida.
Ora, já que os arrumadores de carros teimam em não andar identificados com crachás a dizer "hot wheels" ou "o meu furgão é maior que o teu", a sugestão para esta senhora arrumadora é muito simples: lose the hand bag. Siga o exemplo dos seus colegas de profissão e mostre-se descomprometida para com todo e qualquer bem material. Sem nada nas mangas, vá lá, para parecer verdadeiramente empenhada em orientar condutores azelhas e não se afigurar como alguém que, a qualquer instante, vai tirar da carteira uma fotografia dos filhos para mostrar às suas colegas de trabalho.
Se continuar a providenciar lugares de estacionamento de mala ao ombro, senhora, não vai conseguir alimentar esses seus filhos. Eu prometo que, da próxima vez, a gorjeta chegará sob a forma de uma bolsa de cintura em camuflado.

Eclectismo (ou esquizofrenia) é…

Despender uma horita do meu descanso a apresentar música alternativa num estúdio bafiento, meter-me no Super Twingo, ligar o auto-rádio na Romântica FM, abrir os vidros do carro e cantar, emocionada, 'Donnaaaaa, desses traiçoeirossss' dos Roupa Nova.

Quem alinha numa pillow fight?

É a letra mais curta de sempre, mas faz bem aojouvidos.

I could sleep
when I lived alone
Is there a ghost in my house?


Band of Horses - Is There a Ghost


Is there a ghost? No, it's mosquito Josué back in town! :)

Duas citações que andam nos Rascunhos do telemóvel há meses

1. «Ela é demasiado perfeita, demasiado talentosa, demasiado bela, demasiado sofisticada. Ela é demasiado tudo, menos aquilo que eu quero».
'A Janela Indiscreta’ de Hitchcock. Que é como quem diz… ou se está talhado práquilo, que nem o coração da melancia, ou qualquer esforço para exibir qualidades é sempre inglório – e quase sempre ridículo. Sobretudo quando não as temos, hihih.

2. «Um maverick pode seguir o seu caminho, mas não diz que esse é o único caminho nem o melhor caminho - excepto talvez para ele».
Orson Welles, o nosso ‘merceeiro de bairro’ durante uma amena conferência estudantil, a relembrar-me a ignobilidade da intransigência. Está num dos extras do ‘Citizen Kane’.

Awkward...

Três momentos embaraçosos das nossas vidas:

- Um grupo de vinte pessoas canta os “parabéns” na festa de aniversário do senhor (fictício) João Azevedo. Quando chegam ao verso ‘para o menino tal’, ouve-se uma mistura atabalhoada de nomenclaturas, que vão do ‘para o senhor João’, ‘para o Azevedo’, ‘para o meu papá-á’ ou ainda, no caso das pessoas menos chegadas ao aniversariante, ‘para aquele senhor que foi meu companheiro de camarata no Ultramar’. E que tal passarmos a combinar a quem é que vamos desejar os parabéns, antes mesmo de começarmos a cantoria?

- Ocupamos a última cadeirinha disponível na sala de espera do centro de saúde. À medida que vão chegando utentes, o nosso cérebro faz a selecção automática de cedência de lugar através de um julgamento especulativo de idades. Eis que entra uma senhora de 50 anos (com aparência de 80) e nós hesitamos – levantamo-nos ou não? Gotas de suor escorrem pela testa. A senhora repara no nosso ‘vai, não vai’ e vira a cara, ofendida. Desculpe, tem razão, eu só queria ficar de pé nas próximas 2 horas.

- Passamos horas a conversar com um desconhecido. Reencontramo-lo por mero acaso e a so called chemistry lá aparece. ‘Podias ser a mulher da minha vida’, diz ele, seguido do previsível ‘tens que conhecer a minha namorada’ (porque Deus tem sentido de humor). E é aqui que vem o sorriso cúmplice de embaraço. Nós anuímos de volta, com quem diz: "Ainda bem que tens maturidade emocional para saber que o amor não é (só) deslumbramento nem fascinação, como cantava a Elis. É respeito, admiração e confiança". Mas, chiça, custa a disfarçar a saliva engasgada na faringe. Glup para o ego!

Amanhã, Talvez

Um dia, prometo passar todo um dia de expediente no mesmo transporte público. Não que me apeteça ir daqui até Paris de França na camioneta da carreira, mas urge anotar minuciosamente o material precioso que se presencia, de rabo tremido, no centro da ebulição emocional de centenas de estranhos. Mesmo que seja apenas para escrevinhar o diálogo inadiável entre duas adolescentes que, a caminho da escola, telefonam a uma terceira cúmplice para relembrar que hoje é dia de usarem os suspensórios negros estrelados.
Um dia, prometo deitar-me no banco de trás do carro, cerrar os olhos e tentar adivinhar as coordenadas do meu batimento cardíaco só pela forma das nuvens. Como fazia quando era miúda, dispersa nas curvas das minhas fantasias.
Um dia, prometo deixar-me de procrastinações, teorizar menos e agarrar o infinito pelos, errrrmm, cornos.

Hey Mr. Queijo Man

Já tinha saudades, caraças.
Boa Noite e um Queijo para ouvir AQUI ou, assim de repente, ALI.
Alinhamento na devida toca.

Now... Must... sleep... :)

Macaquinhos no Sótão

Imaginei-o bonacheirão e barbudo, com suspensórios de velcro e escadotes desmontáveis debaixo do braço. Mas eis que chega, escanzelado até no pedacinho de crânio destapado pelo boné da Super Bock. Traz consigo um espanador gigante de arame e não demora mais do que meia hora a destruir o meu imaginário infantil sobre uma das profissões mais antigas do mundo.
Afinal... qual é o limpa-chaminés que tem um toque de telemóvel do Noddy?
No fim do dia, a poeira assentou, mas a chaminé está mais conspurcada que nunca.

Pouca cabeça para escrever + trabalho a potes = usar canções para postar

Episódio 2345: Ah e tal, «não gostas de Muse». Mas hoje puseram-me isto cá dentro:

I'm sick of feeling my soul
To people who'll never know
Just how purposeless and empty they've - sorry, I've - grown
Because the language confuses
like computers refuse to understand how I'm feeling today.

Porque fico sempre embevecida com os casais de velhotes a dançar nas festas das terriolas

Richard Hawley - Baby, You're My Light



P.S. Este senhor que aparece a cantar não é o Richard Hawley, este é que é.

Made Up Love Song #44

Adoro quando andas descalça na rua; quando brincamos ao jogo do ‘vamos ver quem é mais louca’; quando testas os limites da minha parca paciência mesmo nos dias em que estou insuportável (sobretudo para mim própria); quando iluminas qualquer achaque de mente perturbada com um abraço quentinho, instruindo esta tua irmã sobre a importância da humildade.
E tu, pinchavelho. Adoro quando me acordas a tocar piano, às 8 da manhã, apesar de eu mal ter aquecido os lençóis. Ou quando contas a história do "era uma vez um dragão que se chamava... (pausa)...dragão".

I love you through sparks and shining dragons. I do.



Guillemots - Made Up Love Song #43

Espirrar até à metafísica

Obrigada, amigo Rui, por esta forma tão posh de dizer que estou ranhosa:

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor!
0 que fui outrora foi um desejo; partiu se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando,
Não estarei bem se não me deitar na cama
Nunca estive bem senão deitando me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.


Álvaro de Campos

You, Kant, Always Get What You Want

"Brilliant lecture on the aggressive influence of German philosophy on rock and roll":


Viva o John Cameron Mitchell, o brilhante realizador e protagonista deste "Hedwig - A Origem do Amor". Um bocadinho menos escandaloso que o "Shortbus", mas igualmente interessante. Estes diálogos são poesia.

Olá, eu sou a Ana e sou Chocoholic

Agora, sim, podemos voltar a prestar culto à Nossa Senhora do Glacé. Obrigada, amiga Susy. Entre a Marhsmallow Pizza e a Hubba-Bubba de Melancia, esta foi a minha souvenir preferida.
For Life’s Boo Boos.

(Ao pesquisar imagens para ilustrar este post, descobri que ChocAid é também uma loja online de chocolate que ajuda no combate à fome na Etiópia, Nigéria e Bangladesh. O método persuasivo da minha mãe para uma boa alimentação – “há crianças a morrer à fome na Etiópia” – ganhou, finalmente, um sentido prático).

Sou um Sacrifício Humano…

…para o mosquito Josué, cuja estatura equivale à de uma criança de 4 anos, e que há três noites converteu o meu quarto na sua Insectolândia. Imagino-o em loops na montanha-russa Bracinho Quer uma Trinca, ou em arranques de Fórmula 1 no meu ouvido, mas montado numa Famel Zundapp.
Dei-lhe nome para ser mais fácil de insultar.

O Surrealismo

Passar a ponte de vidros abertos, com o boneco das bolachas Príncipe Estrela do tamanho de um menino de 8 anos a espreitar no banco de trás - os condutores do lado rindo-se de (e para) nós - podia ser o começo de uma sexta-feira como tantas outras. Seguiram-se balões, farturas, CD’s de música pimba, carrosséis, mantas polares bordadas com gigantescas imagens de cães, relógios de parede com retratos da Última Ceia, a banca das TeleRações (“levamos comida de cão a sua casa”) ao lado das sandes de leitão e ainda muito bailarico entre os fregueses do lar de Santa Marta de Corroios.
Um dia depois, a pandilha do costume decide travar amizade com um pato, em plena serra de Sintra, cenário onde também se teceram analogias puramente textuais entre fazer sexo e comer uma carcaça, à beira de uma lagoa resmengosa. Nessa mesma noite, prescindimos de um concerto de ska para formar, no bar do Coliseu, a devida claque a Portugal na dianteira da classificação no DançoVisão ou EuroDanção ou lá o que foi aquilo.
A terminar o fim-de-semana, e para atenuar os efeitos do concentrado de parvoíce, nada como um bocadinho de cultura-pelintra-porque-não-se-paga-entrada-nos-museus-aos-domingos-de-manhã, prestando a devida vénia ao Sr. Bosch, um surrealista muito à frente do seu tempo. Lá está, a analepse que, sem querer, serviu de mote a todo este surrealismo.

Quero!




À venda na Perpetual Kid, uma loja online que se parece com o habitáculo de Susy Paula. A propósito: bem-vinda de volta, amiga, tu que trazes um pedacinho do coração do mundo contigo. A estafeta internacional da amizade prossegue agora com o Zombie do Éter, que promete regressar, dentro de 3 semanas, como o novo magnata dos têxteis. Conto contigo para importares todas estas tolices para a tua própria loja dos chinocas, que à noite se transformará no maior casino de Mem Martins.

Joy to the Bus

Não basta poupar na gasolina, nas portagens e na emissão de gases para a atmosfera, como ainda me entretenho a caminho do trabalho. Bem dizia a amiga Ana que o autocarro é o melhor barómetro social – e as recorrentes histórias rocambolescas da amiga Lia não denunciam o contrário – mas foi preciso mudar-me para Benfica (decoraste, mestre?) para me render aos transportes públicos.
É com prazer que assisto, diariamente, aos desabafos das velhotas sobre o tempo ou, como foi o caso desta manhã, ao fértil desfilar das fantasias de um senhor de 62 anos que, no meio da sua triste história (desempregado, sem abrigo, dependente da Santa Casa para comer), levou um bocadinho longe a sua dissertação sobre a ausência de valores na sociedade: “Na escola, é uma rebaldaria. Os alunos têm relações sexuais nas casas-de-banho, fumam drogas… Até as professoras ficam contentes, embrulham-se com os alunos na casa-de-banho… ou então… mesmo ali… em cima da mesa… da sala de aula…”. E, pela primeira vez desde que entrou no autocarro, o velhote emudeceu, visivelmente perturbado pela fantasia que ele próprio acabara de criar, para deleite de meia centena de estranhos.
Ontem, o deleite galhofeiro foi outro. Uma mulher levantou-se do seu lugar e interpelou-me da seguinte maneira: “Pode tocar-me?”. De fones nos ouvidos, balbucio atrapalhadamente um “desculpe?”. A minha mente conspurcada só percebeu o obséquio quando a senhora insistiu mais duas vezes, indicando o varão do autocarro para que eu tocasse na campainha para ela sair.

Mysterious Skin



«Where normal people have a heart, Neil McCormick has a bottomless black hole. And if you don't watch out, you can fall in and get lost forever».

Soa a lugar-comum mas assenta que nem uma luva ao protagonista alienado deste “Mysterious Skin”. Sim, o miúdo do “3º Calhau a Contar do Sol” está feito um senhor-actor.

Obrigada, Senhor, por esta recordação

"Deus fuma charutos de Havana", cantam Serge Gainsbourg e Catherine Deneuve, como se entoassem um salmo responsorial na missa:

A melhor definição de exaustão, mas não a minha que estou fresquinha das férias

«Winston sentia-se gelatinoso de cansaço. Gelatinoso era a palavra exacta. Viera-lhe espontaneamente à cabeça. Dir-se-ia ter o corpo não apenas mole como gelatina, mas translúcido. Sentia que se levantasse a mão à altura dos olhos veria passar a luz através dela. Tinham-lhe sugado o sangue todo e a linfa naquela gigantesca orgia de trabalho, deixando apenas uma frágil estrutura de nervos, ossos e pele.»

Está no “1984”, do George Orwell – o melhor amigo desta semana, que me acompanhou madrugada fora, numa estóica luta contra dores de estômago (sou bem menininha, hein?). Lição da noite: esperar que o processo de digestão termine antes de gabar os meus cozinhados. Constatação da noite: a música vem-me à cabeça nas situações mais estranhas. Para os nós no estômago às 4h46 da manhã, convidei a Ella Fitzgerald para cantar “I’ll tie a lover’s knot around wonderful you”.

Boys of Melody

Até pode ser «gay church folk music», como descreve o vocalista Joel Gibb, mas que o preconceito não vos refreie a emoção deste cenário à beira do rio Sena.
São os canadianos Hidden Cameras que, depois de um concerto em Paris, saíram à rua para tocar o ‘Boys of Melody’. E o resultado foi este: dez músicos armados de guitarras, violinos, violoncelos, pandeiretas e xilofones, a actuarem ao longo do canal Saint Martin para uns quantos gatos-pingados. Mi-au!

Poesia Tauromáquica

Começo por esclarecer que as touradas fazem-me querer espetar paus nos cavaleiros e esbofeteá-los com almofadas vermelhas. Porém, há que respeitar quem consegue ver a tauromaquia como uma “Arte & Emoção”, como é o caso do senhor que apresenta o programa homónimo da RTP2.
Num dia normal, mudaria imediatamente de canal, mas a solidão urbana de Domingo fez-me sentir próxima do touro na arena. Ou então a seguir davam os Simpsons e dei uma hipótese ao “melhor da festa brava em Portugal”- o subtítulo do programa.
Ora, o que nos conquista neste “Arte & Emoção”? Precisamente o relato da tourada, tão eloquente ao ponto de me fazer anotar o palavreado cuidado do apresentador que, excitadíssimo, confere estados de alma dignos de um poema aos touros e respectivos toureiros:
- “O cavaleiro não enjeitou a oportunidade, mas na pega mostrou-se mais reservado”
- “Apático e indiferente esteve o touro do Conde de Múrcia”
- “A pega resultou sem chama”
- “A lide terminou ao som de violinos”.

Neste dia, percebi o que Alexandre O’Neill queria dizer com “Há palavras que nos beijam como se tivessem boca”, porque me apeteceu cobrir o touro de beijos.

Pomba branca, pomba branca

The Doves - There Goes the Fear



Alvíssaras a quem os trouxer a Portugal.

A Tosta Estava Toda Iluminada


Vi uma senhora de meia-idade tatuar esta imagem no peito. É uma grilled cheese toast com a imagem da Virgem Maria e a dona quer mostrá-la ao mundo através do seu decote avantajado. Ofereceram-lhe 22 mil dólares pela tosta, mas ela não se quer livrar desta bênção calórica. Abençoado programa de tatuagens do People & Arts.

Porque Faço Compras no LIDL

À minha frente na caixa do LIDL, está um gajo de t-shirt vermelha com o logótipo da oficina das redondezas. Foi às compras com as irmãs e exibe uma caixa de preservativos retardantes: “Isto é mesmo bom, dá pra aguentar mais”, exclama o Sr. Tubo de Escape (Cognome, o Folião), para embaraço das duas manas.
A menina da caixa ri-se e não perde pela demora:
- Ah, és Pereira – diz o nosso herói, lançando um olhar à placa de nome da destemida trabalhadora – Então podias ser minha irmã também.
- Não que eu sou filha única – responde a moçoila, sorridente.
À falta de melhor, o motor endócrino expele:
- Filha única. Espectáculo. (Pausa) Então… até amanhã.

E despede-se, triunfante, abanando notas de 20 euros.
Isto, senhores, é engate de primeira.

Quando a Mente Fica Preguiçosa das Férias...

...dou por mim a exprimir-me como este senhor, num misto de grunhidos / bocejos.

O Mimo Vicia

Daí que me custe sempre deixar o Algarve.
Guardei-o no buraquinho do dente, vamos ver até quando é que dura.

O Meu Conceito de Férias

Arrancar dois dentes do siso no mesmo dia.
Apostar na dislexia enquanto acompanho os últimos momentos de Harry Potter em inglês.
Ultrapassar um velho motard montado na sua Harley Davidson que ouve, num rádio com potência suficiente para chegar a todo o distrito de Faro, as meninas Pipettes cantando 'Your Kisses are Wasted on Me'. Não, não eram os Doors nem sequer Jean Michel Jarre.

Depois de um Sudoeste a chover, diria que estas férias me estão a deixar dormente. Ou então é só da anestesia.

O Expoente da Vaidade

No dia em que Vítor Espadinha esteve nas instalações desta rádio, atingi o expooeeeente (para ler pomposamente, ao estilo Espadinha) da vaidade: pentear o cabelo defronte do vidro de um carro estacionado, sem perceber que lá dentro está uma criança sozinha, presa à sua cadeirinha, fitando, meio assustada, esta adulta que parece planear o seu rapto enquanto alisa as madeixas.

Vai daí que a canção ‘Ouvi Dizer’ não me sai da cabeça desde manhã
(há sempre um bom pretexto para recordar os Ornatos, não é Lia?)

Dá-le, Espadinha:

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoooeeente da loucura!
Ora amarga, ora doce,
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura.

We’re half-awake in a Fake Empire

Gammita começou por me viciar nos National. Depois, mostrou-me a banda a tocar ao vivo no David Letterman:



E agora digam-nos se é justo meterem os National a tocar às 2 da manhã de Domingo no Sudoeste?

Os Canalhas

Eram todos canalhas, os protagonistas de Antonioni e Bergman. Qual neo-realismo, qual exploração da condição humana, qual quê. Canalhagem, mesmo.
Sobre a incomunicabilidade de Antonioni, muito mencionada nos telejornais de ontem, recordo a partida de ténis mais estranha de sempre em “Blow Up”. Ok, aqui é mutismo. Mas melhor ainda é este beijo entre Monica Vitti e Alain Delon, n’”O Eclipse” – reparem bem nas mãozinhas dos jovens:



Do senhor Bergman, que muitos diziam entender as mulheres como ninguém, destaco a cena cómica do elevador num filme que nem é nada de especial (humildemente reconhecendo o meu desconhecimento da restante obra do senhor). Chama-se “Segredos de Mulheres” mas, como o youtube não tem o vídeo (o drama, o horror), faço aqui o apelo para rumarmos aos cinemas King e vermos as reposições dos filmes de Antonioni e Bergman.

(Nota pós-post: a reposição é este fim-de-semana e eu não estarei cá. Quem tem DVD's pra emprestar? Troco por bolinhos de massapão).

O que mais gostei em Chicago, Chicago

- Os brownies do voo da Continental e as pastilhas de melancia compradas na farmácia Walgreens (os gajos enchem-nos de comida e convencem-nos de que ser obeso é fofinho).

- O nosso hotel, o mais animado dos vinte quarteirões adjacentes. Mal pisávamos o passeio diante da entrada, começávamos a ouvir música. No guia de Chicago, dizia que os hóspedes do Hotel Allegro eram acordados com um trompete precisamente às 9h01 da manhã. Quando tentámos confirmar a informação na recepção, riram-se, desmentiram o mito e não cobraram o upgrade de quarto single para triplo.

- O teatro, mesmo ao lado do hotel, onde estava em cena o musical da Oprah Wimphrey, “A Cor Púrpura”. Todas as noites contemplávamos a forma como as americanas se vestem para ir ao teatro, que é mais ou menos como a nossa tia mais pirosa iria a um casamento entre primos no Bombarral.

- O espectáculo de comédia no Second City, por onde passaram meninos como o Steve Carell ou o Bill Murray. Comédia de improviso genial, com os prováveis next big thing dos Estados Unidos. A expressão “crack whore” foi várias vezes aplicada a Victoria Beckham.

- O manhoso bar de blues “The Back Room”, onde conhecemos o mafioso Jerry. Quis pagar-nos bebidas e, perante a nossa recusa, investiu na jovem do lado, que em cinco minutos já era apresentada como “my lady”. Tanto o Jerry, como o seu capanga – o matulão de dois metros a quem Jerry chamava de “enteado” – tiveram sorte nessa noite e abandonaram o bar bem acompanhados, ao som de Miles Davis e John Coltrane.

- A conversa e a galhofa. A Susy Paula foi lá ter, um mês de ter ido para N.Y., e levou mimo que chegue para outro mês. Também lá estiveram a soul sista Kelly, da Carolina do Norte; a local de Chicago, Arcelia, que nos alertou sobre os gangs dos subúrbios ("eles conhecem o carro dos meus pais, não há problema"); e as queridas ouvintes, que alinharam neste nosso gang intercontinental.

- O Empire State Building visto do aeroporto de Newark, que me fez congeminar de imediato um plano para ir a N.Y. na passagem de ano. Quem quer vir?


(Era isto que se ouvia na Roda Gigante do Navy Pier de Chicago – Frank Sinatra, com “My Kind of Town”).

The Birds and the Bees






=






Ensinei o Rafa a reconhecer o mestre do suspense. “Hitchi-cocki”, disse ele, do alto dos seus 2 anos e meio, acrescentando: “Oia, é um pinguim”.
A sensibilidade artística deste miúdo não pára de me surpreender. Aqui há uns tempos, olhou para uma fatia de pão e, na sua mente pura de traquinice, comentou: “Pareche um corachão”. Uns dias depois, delicia a sua mãe com uma história que ele próprio inventou sobre “uma tataúga que vive numa melanchia”. E, claro está, passa os dias a cantar. Do género de inventar letras alternativas para a Carochinha e a Loja do Mestre André, contemplando a família e os colegas do infantário como personagens das cantigas.
Não é por ser meu sobrinho (a baba transborda pelo Alqueva), mas o Rafael é um génio ao nível do Hitchcock - só que com menos cocó de passarinho.

O Queijo e o Vitor Espadinha

Tenham piedade do amadorismo e apreciem a música, que é da boa. Para ouvir (sem algodão nojouvidos) em MP3 ou para bondosamente sacarem para os vossos iPods em XML.

Alinhamento escolhido na hora, e em cima do joelho, no blog do Boa Noite e um Queijo. Nós gostamos mesmo de rádio, senhores. :)

A Personalidade das Lojas

A música de que gostamos diz muito sobre nós e o mesmo se aplica às lojas de roupa. Quando se entra numa Promod e começa a dar a ‘Treehouse’ dos suecos I’m From Barcelona, o cérebro entende as notas musicais como “esta roupa é leve e jubilosa, comprai-a aos magotes”. E o triste é que se despende de mais dinheiro do que o previsto, mesmo depois de a funcionária esclarecer que a jovial banda somos-todos-amigos-apesar-de-sermos-29-elementos só está a passar na loja porque "são CD’s que recebemos da Promod internacional, nem sei que música é esta".
Reiterando a ideia de que as lojas também têm personalidade, este fim-de-semana tive a prova de que a Bershka é perfeitamente esquizofrénica. Ora, estou eu a escolher tops a 3,99 euros e está o Ne-Yo a cantar o seu ‘Sexy Love’, ou seja, o R&B adolescente que se quer. Mas eis senão quando começa a dar Morrissey. ‘You have killed me, you have killed me’, ouço o ex-líder dos Smiths cantar, enquanto deixo cair as peças que tinha para experimentar e cantarolo alegremente, já disposta a comprar metade da loja. A alegria durou pouco, porém, já que 30 segundos depois a música estava fora do ar para dar lugar à Janet Jackson. Imaginei, no interior da loja, um senhor ralhando com uma miúda de pastilha elástica azul e crista amarela: "Mas o que é isso - queres que os adolescentes entrem em depressão e mudem de orientação sexual? Mete lá a Janet, que ao menos mostra a mama no Super Bowl".

Must Be The Moon

É a Lua desta Sexta-feira 13 que me impele a partilhar convosco a exuberância dos senhores !!! (Chk Chk Chk).



Grande concerto no Coliseu dos Recreios, camandro. Topem bem o estilo descomprometido do senhor Nic Offer, dançando que nem um epiléptico com os seus movimentos angulares. Passou mais de metade do tempo no meio do público e provou ser a lava incandescente deste «vulcão em forma de três pontos de exclamação».



O resto do Dance Station, foi um grande "blergh" para mim, mas por padecer de uma alergia à electrónica em estado puro, que me causa verdadeiro sofrimento físico. Portanto, o melhor é mesmo lerem as reportagens imparciais dajamigas Cotonética e Blitziana.

Birra Três em Um

1. Ontem, eu e Lia Pereira regressámos ao Queijo. Só a meio do programa é que percebemos que não estávamos a ir para o ar em directo. Só assim sem querer. Tinham programado a repetição de um programa nosso de Maio, porque pensavam que ainda estávamos de férias. Thank God for Podcast, que disponibiliza a emissão.

2. Hoje, esqueci-me dos óculos em casa. Sou muito pitosgas. De maneiras que passei o dia a trabalhar em frente ao computador com os meus óculos de sol graduados. Enfrentando mil perguntas e olhares de soslaio, mas também curtindo várias imitações de Stevie Wonder.

3. Ainda não é desta que vou a N.Y. Buahhhhhh, vá láaaaa. Cosmos, estás a ouvir-me? Conspira a meu favor - prometo fazer reciclagem até ao final dos meus dias e ajudar os velhotes a entregarem os boletins do totobola!

Desesperadamente arranjando desculpas para não fazer dieta este Verão

Porque é que gostamos de comentar que fulano está mais gordo e que cicrano usa aparelho, mas somos incapazes de dizer: “O teu intelecto desenvolveu imenso nos últimos tempos” ou “é bom constatar o quanto amadureceste emocionalmente”?
Boa parte da culpa nesta valorização excessiva do corpo vai directamente para o senhor Vinicius de Moraes, mais a sua "Receita de Mulher". Reparem bem nas exigências que o poetinha fez ao sexo feminino:

1. «Uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes» - Hã? Há aqui uma expressão brasileira que me escapa ou os produtos do Mestre Maco e da Maxmat são sedutores para os homens?

2. «Mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo» - Ok, aqui já reconheço as hormonas.

3. «É preciso que as extremidades sejam magras: que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente» - Para que as extremidades magras e os ossos despontados façam furinhos no corpo alheio.

4. «É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio. Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)» - Vamos a correr comprar fertilizante para jardim e um tubo de pomada Bepanthene à farmácia.

5. «Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do 1.° grau» - No tempo em que os termómetros eram vendidos em sex shops.

*Suspiro*

Interpol - Evil

Ground Control

Sinto-me uma astronauta recém-chegada da lua. Bem sei que só estive duas semanas fora, mas aconteceu tanta coisa que ainda não tive tempo para digerir bem as lições.
Um resumo de 10 dias a tomar conta de 45 americanos:
- 1 Professora alimentada a soro no hospital;
- 1 Aluna que perdeu o passaporte;
- 3 Miúdos que ficaram sem carteira e sem cartões de crédito;
- Visitas a Roma, Assis, Florença, Paris e Londres.
Na Básílica de São Francisco de Assis, a minha nova amiga antropóloga que passou largos meses no Senegal e no Peru (e que quer vir dar aulas de inglês para Portugal, porque cá temos tribos tão interessantes como os índios da Amazónia), foi benzida por um monge de 75 anos, que teve uma premonição do seu casamento dentro de 18 meses.
Na viagem de Florença para Paris, mais de metade dos miúdos andaram de comboio pela primeira vez. Em Paris, mais de metade dos miúdos andaram de metro pela primeira vez (a maioria deles vem do sul dos Estados Unidos, tem quintais com hectares de mato e tem de pegar no carro para ir até à casa do vizinho mais próximo).
Em Londres, passámos em Downing Street no dia em que Tony Blair passou o testemunho a Gordon Brown e, naturalmente, cruzámo-nos com imensos manifestantes anti-guerra. Na manhã em que nos íamos embora, tivémos os carros armadilhados em Londres. Antes disso, uma jovem (a quem chamei sem querer “shallow”) perguntou-me, acerca de Picaddily Circus: “Are we actually gonna see a circus?”. Também conheci o miúdo de 19 anos mais educado e humilde de sempre. Tinha trabalhado um ano inteiro numa bomba de gasolina para amealhar dinheiro para a viagem. Não conseguiu. Mas a avó faleceu e, como o seu sonho era conhecer Paris, deixou-lhe 3 mil dólares para ele poder viajar até à Europa.
Há muitas histórias humanamente enriquecedoras a assinalar. O problema é que ainda não descansei o suficiente para conseguir processá-las. Mal cheguei a casa, fiquei esmigalhada por outra missão em Madrid, com o genial pai dos Simpsons. Agradeci-lhe por ter criado toda uma geração de cínicos felizes e ponderei prostrar-me aos seus pés, tentando honrar ao máximo as amigas Lia e Susana (beijos e saudades para NY, my friend), fãs nº 1 em ex aequo da melhor série de animação do mundo.
Agora, de regresso ao trabalho, não tenho coragem para me baldar ao melhor cartaz de sempre do Super Bock, de maneiras que não durmo como deve de ser há uma série de noites. E ainda não matei todas as saudades. Yes, I’m lame.

De Volta, mas com o Cérebro a 5%

Yah Yah Yah

Meti os americanos a ouvir Buraka Som Sistema. E eles gostaram. Primeiro Glastonbury, depois o mundo. Baci di Firenze + saudades.

Como eu Gosto do Ridiculo - Parte I

Primeiro, o aviom (quando nao ha acentos, temos que improvisar) esta a descolar e so me vem a cabeça o refrao "here I go again on my own". Em boa hora, a Alitalia começa a passar desenhos-animados do Coyote e do Tom & Jerry, que ajudam a afastar mais pensamentos suicidas envolvendo os Whitesnake.
Depois, rebento uma caneta e passo o dia inteirinho com um borrao azul escuro do numas calças cremes. Ciao, bella!

The Roaming Is Out There

Quão maníaco-depressiva serei eu se tirar férias para trabalhar?
"Ah e tal, mas vais visitar montes de sítios". Sim, e aturar 48 estranhos durante duas semanas. Mas, tal como a escrita me serve de psicanálise (começamos textos pensando que somos uma merda, para depois percebermos que somos só um excrementozinho aceitável), estas tours são sempre um bonito enxerto de aprendizagem. Foi graças a elas que conheci uma mexicana adoptada por um casal de americanos (com idade suficiente para serem seus bisavós) e que, aos 16 anos, nunca tinha visto o mar. Ou uma loura platinada, claramente retirada de um filme tontinho de sábado à tarde, cujas primeiras palavras dirigidas à minha pessoa saíram assim: "(Suspiro) I love your shoes".
Estou nervosa, claro. Mas espero regressar mais crescidinha e com boas histórias para contar. Beijos, amigos e família. Até Julho.

Faltam 1, 2, 3, 4 Dias!



Assim canta a menina Feist.
Dolce Vita, here I come!

Quase de Partida

"Não parti mas já não sei voltar
Ando às voltas a esquecer quem sou
Bebo a noite até o Sol chegar
Ele sempre me encontrou"

Rádio Macau – Acordar

Intergalactic Planetary

Eles são muito bons e a prova disso é que, apesar de eu já estar na caminha pronta para fazer ó-ó depois de um fim-de-semana festivaleiro, ainda consegui recriar o ritmo hip-hop dos Beastie Boys utilizando apenas o ranger dos dentes. É impressionante como o esfreganço das cáries imita na perfeição o scratching dos discos. E se, até agora, me mostrava relutante em usar aparelho, ontem percebi o potencial de ser a DJ Ferrinhos. É um nicho de mercado por explorar.

Agora digam lá que se importavam de ter um avô assim?

Dia do Ambiente faz lembrar...

... quando nos mascarávamos de árvores para plantar as ditas-cujas nas traseiras da escola – “amanhã tragam umas calças castanhas e uma t-shirtzinha verde”, recomendava a professora. Eram dias e dias a ensaiar o incontornável tema de Joel Branco: “Uma árvore é um amigo, que devemos bem tratar...”.Depois enfiávamos uns vestidos feitos de sacos do lixo pretos e desfilávamos pelas ruas com os cartazes “Não à Poluição”.
Agora vou ser uma boa cidadã e libertar uns gases para a atmosfera, que o Ambiente faz anos e precisa de atenção.

Shortbus



Filme e banda-sonora aprovados. ;)

We're All Kids When it Comes to Emotions

Percebemos que estamos feitos uns hipersensíveis de rabo escaldado quando:
-> Estremecemos ao som da frase “ele entra-me por dentro da pele” e lançamos um sorriso melancolicamente lúgubre à nossa amiga sarapintada de amor-em-pó, que nos conta as últimas do seu enamoramento.
-> Emocionamo-nos quando a mana nos chama “pita” e coramos com os mimos dos amigos, embora temendo as reacções quando lhes perguntamos dez vezes seguidas se querem almoçar connosco. Ninguém aqui está carente, está bem?
-> Picamos as estações, ouvimos um sucesso dos Take That (controlem a náusea) na Romântica FM (aguentem só mais um bocadinho) e não mudamos imediatamente de posto. Pelo menos a canção chama-se 'Love Ain’t Here Anymore' - assim sim, mantemos a compostura.

Tudo isto para dizer: também quero uma prenda do Dia da Criança.

Queijinho às Escuras

Mais um dia a chegar a casa às ooh. Não, não foi o cursinho. Não, também não foi a dança. Ontem foi mesmo o Queijo. Lembrem-me para desligar de vez em quando, está bem? Mas, entretanto, ouçam o Boa Noite e um Queijo. ;)

Alegria, é a magia da MPB!

Ao piano, meio escondido, o mestre Tom Jobim. E também Toquinho na guitarra, Miúcha na voz e o grande poeta Vinicius de Moraes, que entra dançando em palco. Ouvimos, primeiro, 'Samba pra Vinicius' (de Toquinho) e depois 'A Gente vai Levando' (composta pelo pai dos meus netos, Chico Buarque).



Do brilhantismo, passamos para o alcoolismo. Tom e Vinicius (dois amigos, dois irmãos), bêbados de casco, cantando 'Pela Luz dos Olhos Teus'.



Que o vosso amor «seja infinito enquanto dure», meus caros. (Percebem agora por é que ele se casou 9 vezes?)

O Amor num Saco de Enjoo

Dizem que a melhor forma de testar uma história é contá-la a crianças. O que também é válido quando se tem um sobrinho hiperactivo de 2 anos e meio, que pula por cima de nós às 7h da manhã de um Sábado, com escassas horas dormidas, implorando por uma história enquanto vai arremessando para o chão, um a um, os livros que dormem na minha preciosa estante.
Pois bem, ao mesmo tempo que fazemos uma tenda com os lençóis, começamos o conto (que se queria de embalar) com: “Era uma vez um cowboy do espaço que tinha uma plantação de figos num satélite de Júpiter”. E se, ainda assim, o sobrinho absorve as nossas palavras avidamente como se de um blockbuster se tratasse, é só porque a demência é genética.
Depois, chegam os adultos e percebemos que esta coisa de estimular o hemisfério direito do cérebro faz-nos parecer imaturos. A prova: os olhares de soslaio do tio quando sugiro que os brindes para os convidados do seu casamento sejam saquinhos para o enjoo. É que o tema (!) do casamento era para ser viagens, catano.

E agora para um pouquinho de serviço público

Sonho com uma sociedade justa e solidária, sem fome nem guerra. Sem espirros nem gosma escorrendo pelo nariz.
Sonho com o dia em que, depois da previsão do estado do tempo, os animadores de rádio possam anunciar a previsão dos níveis de pólen. Obrigada, Sr.ª Internet.

A Sorta Fairytale

Porque:
- a música, a letra e o vídeo são sublimes;
- o Adrien Brody não fica nada atrás;
- a Tori Amos é grande e tem novo álbum na calha (o novo vídeo também está catita, mas esta Fairytale supera tudo).

Queijo Alemão

E se fizéssemos uma chamada para a Lia Pereira na Alemanha, em directo, durante o Boa Noite e um Queijo? Metíamos em alta voz e tal. Então Lia, tá tudo bem? Ok, vais entrar no ar dentro de 20 segundos.Aí está, Lia Pereira em directo no Queijo. Lia, como está a Alemanha? Lia? Lia? (Silêncio) Ficaste sem bateria, Ana.

A Personalidade dos Amaciadores de Roupa

Estou maravilhada com a imensa variedade dos amaciadores de roupa, porque vivo num universo paralelo onde os hábitos de consumo se resumem ao Minipreço, o estabelecimento mais perto de minha casa.
Surpreendentemente, encontrei os amaciadores mais fascinantes de sempre num mini-mercado da margem sul, junto à minha antiga casa. Nas prateleiras do “Zé Neto” (assim se chama esta loja de bairro), travei conhecimento com o Quanto Ilhas Gregas, o Quanto Rosas de Verão, Quanto Colónia de Bebé e o Quanto Bons Sonhos.
Invejosa por querer fazer o mesmo com o cheirinho a maresia do Algarve, pergunto então: como concentrar o odor de Ilhas Gregas e engarrafá-lo? Juntando senhores chamados Panathinaikos e Aiakopolos, cortadinhos às postas e embebidos em ouzo? E a Colónia de Bebé, será antes ou depois do bebé ter bolsado?
Estes mestres do marketing conseguem, cada vez mais, impregnar personalidade aos produtos. E assim não há como não gostar deles. É que eu não quero um amaciador Ilhas Gregas, quero ir às Ilhas Gregas. Quero Verão. Quero um Bebé. E quero dormir bem e ter Bons Sonhos, de preferência com os duendes que estão dentro da máquina de lavar, fazendo festinhas à roupa para – lá está - amaciá-la.

Mais do que festejar um golo…

…O importante é festejar o trabalho de amigos que cresceram ao nosso lado. Ouvir um sportinguista ferrenho gritar “golo do Benfica” numa emissora nacional, sabendo que esse mesmo sportinguista se trancou em casa da mãe depois da conquista do último título do Glorioso “só para não ouvir o barulho das buzinas”, enche-me de orgulho. Falamos do mesmo jovem que gostava que o Papa João Paulo II tivesse morrido por alturas da última vitória do campeonato do Benfica, “só para abafar um bocado a cena”. Assim dá gosto ouvir relatos! E ainda aprendi expressões como “pentear o esférico à baliza” ou o “corte in extremis”. Oh Happy Day.

Queijinho Fresco

Para ouvir aqui (XML) ou a modos que aqui (MP3).
Com Modest Mouse, Of Montreal, os novos álbuns dos Polyphonic Spree e Editors, os National... enfim, só coisinhas boas. Alinhamento no blog do Boa Noite e um Queijo.

Tenho o Meu Rádio Sempre a Tocar

Para o bem e para o mal...



Estou para conhecer quem tenha despertado para o bichinho da rádio graças aos Onda Choc! ;)

Coisas idiotas que dizemos quando somos crianças

-“A Nucha é preta porque apanhou muito sol quando era bebé”.
Era assim que eu defendia a minha vizinha de baixo. E não bastou o gozo dos miúdos da rua, como ainda me prestei a um atestado de parvoíce da minha mãe (daqueles com jeitinho) quando lhe contei, orgulhosa, o meu nobre gesto anti-racista.

- Três Asneiras Numa Só: “Masminhas” (referindo-me a uma cadela grávida de maminhas proeminentes), “Reflesco” (do espelho) e, a minha preferida, "Trisúltimo”. Para quê complicar? Antepenúltimo é para fraquinhos.

Há Dias Assim

A heart that's full up like a landfill
A job that slowly kills you
Bruises that won't heal

No alarms and no surprises
Silent, Silent

Radiohead – “No Surprises”

(Pronto, há horas assim. E minutos, pode ser?)

Há Canções Que Seduzem - Parte II

E há canções que, cantadas pelo Jack Black, ganham toda uma nova dimensão galhofeira. Quem se lembra desta cena do "Alta Fidelidade"? Let's Get It On.



E também "Há Canções que Seduzem - Parte I".

Como aprecio o cheiro a catinga no autocarro

É tempo de colocar um código de conduta higiénica à entrada dos transportes públicos, com um alarme de incêndio para quem não tiver usado desodorizante.
Vamos dizer “não!” ao suor das gentes que roçam todas as partes do corpo possíveis no passageiro mais próximo!
Vamos aplaudir os corpos ensopados pelos jactos de água disparados pelo alarme, ameaçando estatelarem-se a qualquer instante!

(Bem-vindo, Calor)

Queijo Simpsoniano

E é por isto que sou optimista

«Acho que acredito no pecado original. As pessoas são profundamente más, mas infinitamente cómicas.»

Joe Orton (1933-1967), dramaturgo inglês

Quando quiserem torturar alguém, eis a receita ideal

Alimentem a vítima com fruta ainda revestida de insecticidas e produtos químicos. Privem-na, depois, de jantar e encarcerem-na no “Inland Empire” de David Lynch durante 3 horas. Tudo isto sem vislumbre, sequer, de pipocas (inexistentes em cinemas onde a passagem do metro faz abanar a sala).
Se seguirem estes passos, o sofrimento provocado será duplo: o esforço mental para encaixar as peças do puzzle estará muito perto do dói-dói do estômago colado às costas.
Como vítima e ao mesmo tempo agressora, ressinto-me sobretudo dos neurónios, que mal dormiram de tanto tentarem encaixar coelhos, velhas e polacos. Gosto das charadas, mas temo que Lynch se torne um cineasta demasiado presunçoso para se aguentar 3 horas com 3 tramas alucinadas em simultâneo. Parece-me excessivo, embora aprecie a ginástica mental. Mas, porra, também não consigo odiar este império psicótico, porque lhe reconheço algum génio – odeio, isso sim, este limbo. Alguém me dê um lenço de seda e um cigarro para fugir a este universo paralelo.

La Dolce Vita

Às vezes sinto-me como este palhaço no filme do Fellini.
Si, mi fa piacere.

Queijo Trabalhador

No Dia do Trabalhador, eu e D. Lia Pereira chegámos atrasadas e fizemos uma entrada a pés juntos, bem adequada ao jogo da Liga dos Campeões que monopolizou toda a nossa audiência (em vez de 6, houve 5 pessoas a ouvir-nos em directo). Ouvimos boa música e demos muita barraca, como de costume. E ainda fizemos uma introdução, tipo extras nos DVD's.

ANDEM LÁ, OUÇAM O BOA NOITE E UM QUEIJO.
O alinhamento está no blog do pugama. :)

Já não Toca Música no Meu Blog, Pois Não? Foi Bom Enquanto Durou!

Mas também podem fazer figuras tristes no site do festival Loolapalooza.

Na Memória

"Vamos Fazer Amor a Dois."
Fórmula V + F = A + 2 (Vértices mais Faces igual Arestas mais dois)

Com mnemónicas destas, estou francamente arrependida por não ter seguido Geometria (as nossas escolhas profissionais são sempre colocadas em causa quando não nos apetece trabalhar).

Obrigada, Wikipedia, por esta mnemónica adaptada às relações modernas entre "2 ou mais pessoas" .

Queijo Falante

Alegrem-se os céus e a terra, o Queijo está de volta. Testemunhem-no aqui.
Nesta primeira emissão na Rádio Zero, ouvimos The Gossip, Amy Winehouse, Black Rebel Motorcycle Club, Maximo Park, Cold War Kids, Patrick Wolf, !!!, Mutantes, Rufus Wainwright e encerrámos com os The National. Precisamente às 22h55 de dia 24 de Abril, recordámos o sinal de há 33 anos, quando os Emissores Associados de Lisboa passaram "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho.
Agora, as desculpas que se esperavam: Quando o jovem director nos disse "estão no ar", tínhamos conhecido o estúdio há 10 minutos. Portanto, lamentamos as barraquitas e a conversa (por vezes demasiado) fiada. Há algum tempo que não fazíamos emissão, tínhamos sede de micro. ;) Prá próxima será melhor!

The Corny Vs. The Bright Side Of Me

Vi Patrick Wolf cantando uma versão de “Moon River” no Lux e lembrei-me de Audrey Hepburn no “Breakfast at Tiffanys”. Pirosinho, mas tão fofo este “huckleberry friend”. E parece que a Srª Hepburn vai lavar escadas com aquele turbante na cabeça. ;)



Depois, vi Alain Delon e Monica Vitti no “Eclipse”, do Antonioni. O filme termina com a marcação de um encontro apaixonado no sítio do costume. Nenhum dos dois aparece. E os 7 minutos finais só nos mostram imagens do local – o vazio daquela relação dispersa.

Super Avózinha

Sou eu que sou extremamente mimada ou é mesmo bom deitar a cabeça no colo da avó num Domingo à noite? A independência / solidão urbana também cansam.

E porque é que a senhora que se segue me faz lembrar D. Maria Helena? É a vóvó de 82 anos do Ben Kweller no novíssimo vídeo "Penny On The Train Track".

Da 7ª para a 9ª Arte

Por estes dias, vale a pena ir ver o World Press Cartoon.
Há também um livro nas bancas por apenas 8 euros.
Não, não estou a tentar engatar nenhum cartoonista.

(Cuidado com os seguranças do C.C. Olga Cadaval, que enxotam os visitantes às 18h00, mesmo que estes tenham vindo especialmente do Suriname para visitar a exposição).

Apresentação catita aqui.

1 Xis 2

O Indie Lisboa está a ser um autêntico boletim do totobola. Dos três filmes que vi, foi o "1 Xis 2" : um ganhou, um perdeu e o outro empatou.

O que ganhou: "A Scanner Darkly", muito falado pela originalidade do grafismo (as personagens "abonecadas" em cenários reais - o melhor exemplo que consigo dar é o teledisco do 'Take On Me', dos Aha). A história alucinada de vícios e desequilíbrios é baseada no brilhante livro do Philip K. Dick. O filme é um poucochito previsível, mas com um ambiente paranóico irresistível. Depois de ter estado no arranque do festival, na 5ª feira passada, "O Homem Duplo" (em português) vai directamente para DVD sem passar pela sala da partida.

O que perdeu: O novo do François Ozon, "Angel", que me provocou náuseas cerebrais. Descrevo-o como "E Tudo o Vento Levou" versão Disney. A protagonista é uma espécie de anti-heroína que apetece espancar do princípio ao fim (o que até é divertido), mas o filme está cheio de clichés e de personagens mal construídas. Fiquei abalada quando fui espreitar na tômbola dos votos e vi muitos 4 e 5. Eu tinha gostado do "Les Temps qui Rest" mas fiquei mto decepcionada com este.

O que empatou: Outro filme francês (tenho que me deixar disto), desta vez com uma história interessante, mas tãooooo lentinhooooo. Chama-se "Le Dernier des Fous" e tem um miúdo encantador de 10 anitos que cresce no seio de uma família louca - a mãe é uma psicótica-Júlio-de Matos-style que não sai do quarto, o irmão é um homossexual frustrado porque o namorado vai casar com uma mulher, o pai é ausente e transtornado pela doença da mãe. O problema é que o guião do filme não deve passar das 20 páginas (o resto são planos da casa, do cão, do ancinho, da avó, do celeiro, etc). Comparado com este filme, o "Climas" é de uma velocidade estonteante.

E porque é que, tendo em cartaz 200 e tal filmes, não escolho melhor a porra das longas-metragens que vou ver? Sou uma aprendiz de índia.

Brincar às Rádios Cojamigos

O Boa Noite e um Queijo está de volta, agora na Rádio Zero do Técnico. Para ouvir online, em streaming ou podcast, ou para ignorar veementemente a bem da vossa sanidade mental.

Mantemos a tradição das Terças-feiras – só a hora é mais tardia, das 22h às 23h, prójamigos poderem fazer ó-ó ao som das canções escolhidas por mim e pela grande Lia Pereira.

Prometemos também trocar receitas e dicas para tirar nódoas de gordura das carpetes.

(Logótipo da autoria do muy talentoso amigo António Baltazar)

Como Reconhecer uma Twisted Mind através de uma Peça de Teatro

«Um trabalhador da AOL e antigo colega de Cho Seung-Hui, o autor do massacre na Virginia (EUA), colocou online peças de teatro alegadamente da autoria do assassino».

A primeira peça chama-se "Richard McBeef" (em 2 páginas, encontramos logo pedofilia e homicídio) e a segunda "Mr. Brownstone" (na 1ª cena do I Acto, o protagonista entra num casino com um bilhete de identidade falso e comenta o seu desejo de matar "that old fart" - o professor, pois claro).

Has Anyone Seen My Man in Black?

No Escurinho do Cinema

Ontem, estreei-me nas seguintes façanhas:
a) Acomodei o rabiosque nas cadeiras da Cinemateca.
b) Visionei um filme do João César Monteiro e vivi para contar a história.
c) Assisti, ainda, ao meu primeiro filme com cortes da censura.

Vamos por partes:
a) Confortáveis e fofinhas.
b) Era uma curta de 17 minutos sobre a Sophia de Mello Breyner Andresen (a duração do filme e a sujeita em causa foram dois bons motivos para ter sobrevivido).
c) Chamava-se “La Ragazza con la Valigia” e foi rodado nos anos 60 pelo italiano Valerio Zurlini, contemporâneo do Antonioni. Uma lição de amor ingénuo vs. desencanto adolescente com o melhor dos sentidos cómicos. Mais cómico ainda foi assistir à obra da censura, quer através das dezenas de cortes escandalosos (exemplo: a aproximação para o beijo, o corte, a cena seguinte com o casal já afastado, sem mostrar o colar dos lábios), quer na omissão de legendas (há uma cena em que a belíssima Claudia Cardinale fala sobre o seu ex-marido, um "comunista inteligentíssimo”. Nas legendas não aparece “comunista”, porque as legendas também comem criancinhas).

As Crianças Dizem Sempre a Verdade

Comecei este blog com uma elegia à honestidade infantil. Dois anos depois, a síndrome de Peter Pan toma, em definitivo, as rédeas desta pobre consciência que quer ter cinco anos novamente (também serve ter o sobrinho por perto).

Nesta dose extraordinária de probidade fim-de-semanesca, destaco o rasgo de ternura do Rafa que, depois de beijar o meu braço, tem a seguinte reacção espontânea: “Blargh. Tens pêlos”… Humpf. Eu estou a tomar cortisona, ok?!

Depois, as questões existenciais de crianças de 7 anos enquanto lêem essa bíblia anti-preconceito que é o livro “Não Faz Mal Ser Diferente”, dum boneco muito humanista chamado Todd. Entre ensinamentos como “Não faz mal ter pais diferentes” ou “Não faz mal ser adoptado”, deparamo-nos com “Não faz mal ter um amigo imaginário”.

- O que é um amigo imaginário? – pergunta a prima Bia, célebre pelo seu mimo em bruto.
(Escolher bem as palavras para não empurrar a criança para um filme do David Lynch, penso eu).
- É como se fosse um amigo invisível, que só existe na tua cabeça.
- Ah. Eu tenho um. Uma!
- Ai sim, então como se chama?
- Margarida. Eu brinco com ela quando estou sozinha.

Menos mal. Eu falava com formigas debaixo da mesa da cozinha.
Até que passamos a página e lemos:
- “Não Faz mal Ajudar um Esquilo a Apanhar Nozes”.

O Drama dos Esquilos.
Esta geração será, sem dúvida, muito tolerante. Ajudarão os esquilos com convites para serem seus amigos no hi5.

You Put Me in The Magic Position

O discurso é meio esquizofrénico quando lhe perguntam pela recente mudança visual, mas acredito que derive da tenra idade do moço (é mais novo que eu, caramba). O jovem Patrick Wolf dispõe bem e pronto.

Cancioneiro Anda-à-Roda

Porque nos ensinam canções idiotas quando somos crianças?

• “Eu fui à Bélgica de avi-a-ão, no aeroporto encontrei um borrachão. Pisquei-lhe o olho, apertei-lhe a mão, mas o que ele queria era um ponto de interrogação” – Estes eufemismos ficam mal aos adultos. Se cantassem “o que ele queria era facturar à grande, mas o importante é não ceder a aventuras promíscuas que só acabam bem nos Morangos com Açúcar”, isso sim, era educar. E borrachão é um gajo que bebe muito.

• “Toyota (tum tum tum). Toyota Hiace (tum tum tum). Meu amor (tum tum tum), partiu o pé (tum tum tum). Fui chamar (tum tum tum) uma ambulância (tum tum tum). Toyota (tum tum tum). Toyota Hiace (tum tum tum)” – Porque o meu amor é tão grande como uma carrinha de 6 lugares?

E ainda ficavam chocados quando perguntávamos o que significava “Tieta do Agreste, lua cheia de tesão”.

Aqui Vou ser Feliz

O cartaz do Super Bock está fechado e eu quero ficar a viver lá. Tá bem?
Alá ver isso.



Na Química FM, alguém se enganava sempre a apresentar esta 'Wolf Like Me', porque o nome estava errado no computador da emissão. Tão profissionais que dá saudades! :)

Tempestade Cá Dentro


É impressionante como o cinema pode ser terapêutico. "Climas" é um desses exemplos: um chá turco, em noite de chuva, para aclarar as ideias. A metáfora é justificável pelo nome do realizador, Nuri Bilge Ceylan (tipo chá do Ceilão), que é também o protagonista deste drama - e que parece o David Fonseca aos 45 anos.

Acção dramática lenta, personagens esmagadoramente bem construídas, o egocentrismo das relações explorado ao pormenor, e a certeza de que há pessoas incapazes de nos fazerem felizes. Pelo meio, a melhor cena de sexo animalesco dos últimos tempos, envolvendo um cacauet caído no chão de um requintado apartamento, em plena Istambul.

Não é filme armado à intelectualóide, amigos. É uma recomendação da Ana, que em boa hora me arrastou para fora de casa quando já estava deitada com uma valente dor-de-cabeça. (Nessa tarde, ela chamou-me infantil e eu tranquei-a fora de casa, provando saber lidar com as críticas com maturidade. É a grande vantagem de coabitar com os melhores amigos no mesmo andar do prédio).

Uhu!

Sempre quis uma Moulinex Radioactiva com Turbante!

«Irão tem 50 mil centrifugadoras nucleares».

Vou colocá-la ao lado da Barbie Burka.

I Took My Baby to the Train

Porque o maquinista é amigo (sim, ainda os comboios).
Pop Levi - "(A Style Called) Crying Chic"




(ou como ser criativo com pouco dinheiro)

Crise dos 25

Sou uma fraude.
Não sei cozinhar (como a minha avó), não sei costurar (como a minha mãe), não sei cuidar de bebés (como a minha irmã).
Que raio de mãe vou ser assim?

Domingo de Páscoa

Depois dos posts ateus, está na hora de expurgar virtualmente a alma.
Faço parte daquele lote de hipócrito-católicos-pouco-praticantes. A última vez que fui à missa era noite de Consoada (atrás de mim, um casal de turistas ingleses também assistia a essa cerimónia exótica que é a Missa do Galo).
Esta Páscoa, ansiava por uma pequena bênção comunitária mas a missa tinha começado há uma hora. Voltei para casa, de mão dada com a mana, um pedacinho envergonhada por este nosso afastamento herético.
Bottom line: continuamos a acreditar em Deus, na tolerância e nas pessoas. Mesmo discordando das directrizes do Vaticano, destacamos o melhor que a igreja nos ensinou: o espírito comunitário sem beatismos, a solidariedade social e a partilha, tomando como exemplo o nosso amigo Jesus (“eu tenho um amigo que me ama, que me ama, que me a-a-ma”).
Se calhar tivemos sorte na paróquia; se calhar aprendemos a questionar a igreja; se calhar fizemos mal em aceitá-la assim, cheia de defeitos. Não me vejo de volta à rotina dominical, é certo. Mas gostava de ver uma igreja adaptada à nossa realidade, porque não deixa de ser um veículo privilegiado de transmissão de valores. Sem obediências cegas, mas com consciências esclarecidas.

E depois acordamos? ;)

Para quem anda às aranhas com as suas crenças, a Câmara Clara ajudou a clarificar a diferença entre fé e religião, em Domingo de Páscoa.

Mais Maneiras de Viajar de Comboio

- Maldizer o burburinho discreto conducente à lãzeira, porque nada é tão empolgante como uma viagem escoltada por uma família cigana vinda de um casamento - ok, tresandavam a um aroma almiscarado de suor e vinho; os dois mais novos tocavam ciganadas nas suas guitarras e eram repreendidos pelo pai com cascudos na tola. Mas foi divertido, bolas.

- Perceber como o historial de abraços das despedidas soa cruelmente empertigado face aos sorrisos lambuzados das chegadas. Pouca terra, tu-tu. “Té, fica a bincar comigo” e o amor em estado puro a ecoar cá dentro.

- Tentar adivinhar os restos do almoço de Páscoa pelo cheiro das marmitas dos vizinhos e aconselhar o jovem da frente a partilhar os ovinhos de chocolate se quiser ser um bom cristão – “Porque há Jesus Cristo e há a Nossa Srª do Glacé”.


É a continuação disto. Because the world is one giant Intercidades. ;)

Boa Páscoa + Muitos Ovinhos

And Now, Live From the Caravan

O programa de podcast é semanal, chama-se "In the Attic" e os artistas actuam, em acústico, numa caravana. Desprotegidos, colocando à prova a essência das suas canções. A conduzir o programa (e a dita caravana) estão Pete Townshend, dos The Who, e a jovem Rachel Fuller, que percorrem os backstages de concertos pela Europa fora.

Trabalho aborrecido.
Quem alinha tocar no meu Twingo?



Os preferidos deste medley: The Kooks, Editors e Ed Harcourt. Mas também temos Razorlight, Magic Numbers ou Martha Wainwright. E ainda o irresistível “she was frigid like a bible”, pelo Chris Difford.

The Cake Sale - Some Surprise

Cada bolo é uma canção. Os lucros revertem a favor da campanha Make Trade Fair, da Oxfam, com a ajuda de meninos como The Thrills, Gary Lightbody (Snow Patrol), Lisa Hannigan, Damien Rice, Neil Hannon (Divine Comedy) and so on.

O Drama da Pastilha Elástica

À boleia do Urban 90, elogiam-se as paredes da estrada de Benfica, tatuadas com o melhor graffiti de sempre: “O ar condicionado mata”.

Atrás de si, o drama. Um senhor de bombazine gasta vai berrando para a pastilha elástica colada ao banco. E são logo dois assentos mascados pela saliva seca.

- Era cortar-lhes as mãozinhas – grunhe o Velho Bombazine.
- Isso deve ser essa malta do Porto – opina o passageiro do lado, agora cúmplice na guerra-anti-flagelo-pastilha-elástica. E o comentário gera consenso porque é fim-de-semana de Benfica-Porto.

O Velho vai cobrindo os assentos com a Dica da Semana e o Destak. A cada passageiro que faz a aproximação aos lugares vagos, há um coro de vozes que se ergue em alerta:

- Cuidado que isso está cheio de pastilha elástica.
- É uma vergonha. Deve ser essa malta que estuda.
- Não respeitam nada.
- É, e só ficam satisfeitos quando vêem tudo partido.

A páginas tantas, os passageiros sentados interrogam-se se estarão, também eles, infectados pela venenosa pastilha elástica que tomou de assalto o autocarro. Levantam-se e pedem aos seus vizinhos em tragédia para inspeccionarem os respectivos traseiros.

O Velho Bombazine abandona o Urban 90 e solta um gás tóxico. Interrogo-me se seria a sua vingança para a malfadada pastilha.