Comecei este blog com uma elegia à honestidade infantil. Dois anos depois, a síndrome de Peter Pan toma, em definitivo, as rédeas desta pobre consciência que quer ter cinco anos novamente (também serve ter o sobrinho por perto).
Nesta dose extraordinária de probidade fim-de-semanesca, destaco o rasgo de ternura do Rafa que, depois de beijar o meu braço, tem a seguinte reacção espontânea: “Blargh. Tens pêlos”… Humpf. Eu estou a tomar cortisona, ok?!
Depois, as questões existenciais de crianças de 7 anos enquanto lêem essa bíblia anti-preconceito que é o livro “Não Faz Mal Ser Diferente”, dum boneco muito humanista chamado Todd. Entre ensinamentos como “Não faz mal ter pais diferentes” ou “Não faz mal ser adoptado”, deparamo-nos com “Não faz mal ter um amigo imaginário”.
- O que é um amigo imaginário? – pergunta a prima Bia, célebre pelo seu mimo em bruto.
(Escolher bem as palavras para não empurrar a criança para um filme do David Lynch, penso eu).
- É como se fosse um amigo invisível, que só existe na tua cabeça.
- Ah. Eu tenho um. Uma!
- Ai sim, então como se chama?
- Margarida. Eu brinco com ela quando estou sozinha.
Menos mal. Eu falava com formigas debaixo da mesa da cozinha.
Até que passamos a página e lemos:
- “Não Faz mal Ajudar um Esquilo a Apanhar Nozes”.
O Drama dos Esquilos.
Esta geração será, sem dúvida, muito tolerante. Ajudarão os esquilos com convites para serem seus amigos no hi5.
O meu irmão Nikita não voltará a Kharkiv.
Há 3 semanas
0 Ópinanços. Com ó.:
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