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O Drama da Pastilha Elástica

À boleia do Urban 90, elogiam-se as paredes da estrada de Benfica, tatuadas com o melhor graffiti de sempre: “O ar condicionado mata”.

Atrás de si, o drama. Um senhor de bombazine gasta vai berrando para a pastilha elástica colada ao banco. E são logo dois assentos mascados pela saliva seca.

- Era cortar-lhes as mãozinhas – grunhe o Velho Bombazine.
- Isso deve ser essa malta do Porto – opina o passageiro do lado, agora cúmplice na guerra-anti-flagelo-pastilha-elástica. E o comentário gera consenso porque é fim-de-semana de Benfica-Porto.

O Velho vai cobrindo os assentos com a Dica da Semana e o Destak. A cada passageiro que faz a aproximação aos lugares vagos, há um coro de vozes que se ergue em alerta:

- Cuidado que isso está cheio de pastilha elástica.
- É uma vergonha. Deve ser essa malta que estuda.
- Não respeitam nada.
- É, e só ficam satisfeitos quando vêem tudo partido.

A páginas tantas, os passageiros sentados interrogam-se se estarão, também eles, infectados pela venenosa pastilha elástica que tomou de assalto o autocarro. Levantam-se e pedem aos seus vizinhos em tragédia para inspeccionarem os respectivos traseiros.

O Velho Bombazine abandona o Urban 90 e solta um gás tóxico. Interrogo-me se seria a sua vingança para a malfadada pastilha.

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