Sinto-me uma astronauta recém-chegada da lua. Bem sei que só estive duas semanas fora, mas aconteceu tanta coisa que ainda não tive tempo para digerir bem as lições.
Um resumo de 10 dias a tomar conta de 45 americanos:
- 1 Professora alimentada a soro no hospital;
- 1 Aluna que perdeu o passaporte;
- 3 Miúdos que ficaram sem carteira e sem cartões de crédito;
- Visitas a Roma, Assis, Florença, Paris e Londres.
Na Básílica de São Francisco de Assis, a minha nova amiga antropóloga que passou largos meses no Senegal e no Peru (e que quer vir dar aulas de inglês para Portugal, porque cá temos tribos tão interessantes como os índios da Amazónia), foi benzida por um monge de 75 anos, que teve uma premonição do seu casamento dentro de 18 meses.
Na viagem de Florença para Paris, mais de metade dos miúdos andaram de comboio pela primeira vez. Em Paris, mais de metade dos miúdos andaram de metro pela primeira vez (a maioria deles vem do sul dos Estados Unidos, tem quintais com hectares de mato e tem de pegar no carro para ir até à casa do vizinho mais próximo).
Em Londres, passámos em Downing Street no dia em que Tony Blair passou o testemunho a Gordon Brown e, naturalmente, cruzámo-nos com imensos manifestantes anti-guerra. Na manhã em que nos íamos embora, tivémos os carros armadilhados em Londres. Antes disso, uma jovem (a quem chamei sem querer “shallow”) perguntou-me, acerca de Picaddily Circus: “Are we actually gonna see a circus?”. Também conheci o miúdo de 19 anos mais educado e humilde de sempre. Tinha trabalhado um ano inteiro numa bomba de gasolina para amealhar dinheiro para a viagem. Não conseguiu. Mas a avó faleceu e, como o seu sonho era conhecer Paris, deixou-lhe 3 mil dólares para ele poder viajar até à Europa.
Há muitas histórias humanamente enriquecedoras a assinalar. O problema é que ainda não descansei o suficiente para conseguir processá-las. Mal cheguei a casa, fiquei esmigalhada por outra missão em Madrid, com o genial pai dos Simpsons. Agradeci-lhe por ter criado toda uma geração de cínicos felizes e ponderei prostrar-me aos seus pés, tentando honrar ao máximo as amigas Lia e Susana (beijos e saudades para NY, my friend), fãs nº 1 em ex aequo da melhor série de animação do mundo.
Agora, de regresso ao trabalho, não tenho coragem para me baldar ao melhor cartaz de sempre do Super Bock, de maneiras que não durmo como deve de ser há uma série de noites. E ainda não matei todas as saudades. Yes, I’m lame.
O meu irmão Nikita não voltará a Kharkiv.
Há 3 semanas
2 Ópinanços. Com ó.:
bom dia, ana.
a viagem que acabaste de fazer despertou-me a curiosidade. foi uma viagem de voluntariado? qual foi o objectivo? foste através de uma instituição? podes dar mais informações, ou indicar um site para pesquisar?
obrigada
um beijinho
raquel
Olá Raquel,
Não sou nada nobre - foi mesmo uma viagem de trabalho.
No Verão, colaboro com a EF Tours (http://eftours.com).
Envia um e-mail para lá e propõe-te como Tour Director. É estafante, mas compensa o esforço.
Beijinhos, se quiseres mais infos é só perguntares - anaraquelmartins@gmail.com.
Ana
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