Um dia, prometo passar todo um dia de expediente no mesmo transporte público. Não que me apeteça ir daqui até Paris de França na camioneta da carreira, mas urge anotar minuciosamente o material precioso que se presencia, de rabo tremido, no centro da ebulição emocional de centenas de estranhos. Mesmo que seja apenas para escrevinhar o diálogo inadiável entre duas adolescentes que, a caminho da escola, telefonam a uma terceira cúmplice para relembrar que hoje é dia de usarem os suspensórios negros estrelados.
Um dia, prometo deitar-me no banco de trás do carro, cerrar os olhos e tentar adivinhar as coordenadas do meu batimento cardíaco só pela forma das nuvens. Como fazia quando era miúda, dispersa nas curvas das minhas fantasias.
Um dia, prometo deixar-me de procrastinações, teorizar menos e agarrar o infinito pelos, errrrmm, cornos.
O meu irmão Nikita não voltará a Kharkiv.
Há 3 semanas
0 Ópinanços. Com ó.:
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