"Vamos Fazer Amor a Dois." Fórmula V + F = A + 2 (Vértices mais Faces igual Arestas mais dois)
Com mnemónicas destas, estou francamente arrependida por não ter seguido Geometria (as nossas escolhas profissionais são sempre colocadas em causa quando não nos apetece trabalhar).
Obrigada, Wikipedia, por esta mnemónica adaptada às relações modernas entre "2 ou mais pessoas" .
Alegrem-se os céus e a terra, o Queijo está de volta. Testemunhem-no aqui. Nesta primeira emissão na Rádio Zero, ouvimos The Gossip, Amy Winehouse, Black Rebel Motorcycle Club, Maximo Park, Cold War Kids, Patrick Wolf, !!!, Mutantes, Rufus Wainwright e encerrámos com os The National. Precisamente às 22h55 de dia 24 de Abril, recordámos o sinal de há 33 anos, quando os Emissores Associados de Lisboa passaram "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho. Agora, as desculpas que se esperavam: Quando o jovem director nos disse "estão no ar", tínhamos conhecido o estúdio há 10 minutos. Portanto, lamentamos as barraquitas e a conversa (por vezes demasiado) fiada. Há algum tempo que não fazíamos emissão, tínhamos sede de micro. ;) Prá próxima será melhor!
Vi Patrick Wolf cantando uma versão de “Moon River” no Lux e lembrei-me de Audrey Hepburn no “Breakfast at Tiffanys”. Pirosinho, mas tão fofo este “huckleberry friend”. E parece que a Srª Hepburn vai lavar escadas com aquele turbante na cabeça. ;)
Depois, vi Alain Delon e Monica Vitti no “Eclipse”, do Antonioni. O filme termina com a marcação de um encontro apaixonado no sítio do costume. Nenhum dos dois aparece. E os 7 minutos finais só nos mostram imagens do local – o vazio daquela relação dispersa.
Sou eu que sou extremamente mimada ou é mesmo bom deitar a cabeça no colo da avó num Domingo à noite? A independência / solidão urbana também cansam.
E porque é que a senhora que se segue me faz lembrar D. Maria Helena? É a vóvó de 82 anos do Ben Kweller no novíssimo vídeo "Penny On The Train Track".
Por estes dias, vale a pena ir ver o World Press Cartoon. Há também um livro nas bancas por apenas 8 euros. Não, não estou a tentar engatar nenhum cartoonista.
(Cuidado com os seguranças do C.C. Olga Cadaval, que enxotam os visitantes às 18h00, mesmo que estes tenham vindo especialmente do Suriname para visitar a exposição).
O Indie Lisboa está a ser um autêntico boletim do totobola. Dos três filmes que vi, foi o "1 Xis 2" : um ganhou, um perdeu e o outro empatou.
O que ganhou: "A Scanner Darkly", muito falado pela originalidade do grafismo (as personagens "abonecadas" em cenários reais - o melhor exemplo que consigo dar é o teledisco do 'Take On Me', dos Aha). A história alucinada de vícios e desequilíbrios é baseada no brilhante livro do Philip K. Dick. O filme é um poucochito previsível, mas com um ambiente paranóico irresistível. Depois de ter estado no arranque do festival, na 5ª feira passada, "O Homem Duplo" (em português) vai directamente para DVD sem passar pela sala da partida.
O que perdeu: O novo do François Ozon, "Angel", que me provocou náuseas cerebrais. Descrevo-o como "E Tudo o Vento Levou" versão Disney. A protagonista é uma espécie de anti-heroína que apetece espancar do princípio ao fim (o que até é divertido), mas o filme está cheio de clichés e de personagens mal construídas. Fiquei abalada quando fui espreitar na tômbola dos votos e vi muitos 4 e 5. Eu tinha gostado do "Les Temps qui Rest" mas fiquei mto decepcionada com este.
O que empatou: Outro filme francês (tenho que me deixar disto), desta vez com uma história interessante, mas tãooooo lentinhooooo. Chama-se "Le Dernier des Fous" e tem um miúdo encantador de 10 anitos que cresce no seio de uma família louca - a mãe é uma psicótica-Júlio-de Matos-style que não sai do quarto, o irmão é um homossexual frustrado porque o namorado vai casar com uma mulher, o pai é ausente e transtornado pela doença da mãe. O problema é que o guião do filme não deve passar das 20 páginas (o resto são planos da casa, do cão, do ancinho, da avó, do celeiro, etc). Comparado com este filme, o "Climas" é de uma velocidade estonteante.
E porque é que, tendo em cartaz 200 e tal filmes, não escolho melhor a porra das longas-metragens que vou ver? Sou uma aprendiz de índia.
O Boa Noite e um Queijo está de volta, agora na Rádio Zero do Técnico. Para ouvir online, em streaming ou podcast, ou para ignorar veementemente a bem da vossa sanidade mental.
Mantemos a tradição das Terças-feiras – só a hora é mais tardia, das 22h às 23h, prójamigos poderem fazer ó-ó ao som das canções escolhidas por mim e pela grande Lia Pereira.
Prometemos também trocar receitas e dicas para tirar nódoas de gordura das carpetes.
(Logótipo da autoria do muy talentoso amigo António Baltazar)
«Um trabalhador da AOL e antigo colega de Cho Seung-Hui, o autor do massacre na Virginia (EUA), colocou online peças de teatro alegadamente da autoria do assassino».
A primeira peça chama-se "Richard McBeef" (em 2 páginas, encontramos logo pedofilia e homicídio) e a segunda "Mr. Brownstone" (na 1ª cena do I Acto, o protagonista entra num casino com um bilhete de identidade falso e comenta o seu desejo de matar "that old fart" - o professor, pois claro).
Ontem, estreei-me nas seguintes façanhas: a) Acomodei o rabiosque nas cadeiras da Cinemateca. b) Visionei um filme do João César Monteiro e vivi para contar a história. c) Assisti, ainda, ao meu primeiro filme com cortes da censura.
Vamos por partes: a) Confortáveis e fofinhas. b) Era uma curta de 17 minutos sobre a Sophia de Mello Breyner Andresen (a duração do filme e a sujeita em causa foram dois bons motivos para ter sobrevivido). c) Chamava-se “La Ragazza con la Valigia” e foi rodado nos anos 60 pelo italiano Valerio Zurlini, contemporâneo do Antonioni. Uma lição de amor ingénuo vs. desencanto adolescente com o melhor dos sentidos cómicos. Mais cómico ainda foi assistir à obra da censura, quer através das dezenas de cortes escandalosos (exemplo: a aproximação para o beijo, o corte, a cena seguinte com o casal já afastado, sem mostrar o colar dos lábios), quer na omissão de legendas (há uma cena em que a belíssima Claudia Cardinale fala sobre o seu ex-marido, um "comunista inteligentíssimo”. Nas legendas não aparece “comunista”, porque as legendas também comem criancinhas).
Comecei este blog com uma elegia à honestidade infantil. Dois anos depois, a síndrome de Peter Pan toma, em definitivo, as rédeas desta pobre consciência que quer ter cinco anos novamente (também serve ter o sobrinho por perto).
Nesta dose extraordinária de probidade fim-de-semanesca, destaco o rasgo de ternura do Rafa que, depois de beijar o meu braço, tem a seguinte reacção espontânea: “Blargh. Tens pêlos”… Humpf. Eu estou a tomar cortisona, ok?!
Depois, as questões existenciais de crianças de 7 anos enquanto lêem essa bíblia anti-preconceito que é o livro “Não Faz Mal Ser Diferente”, dum boneco muito humanista chamado Todd. Entre ensinamentos como “Não faz mal ter pais diferentes” ou “Não faz mal ser adoptado”, deparamo-nos com “Não faz mal ter um amigo imaginário”.
- O que é um amigo imaginário? – pergunta a prima Bia, célebre pelo seu mimo em bruto. (Escolher bem as palavras para não empurrar a criança para um filme do David Lynch, penso eu). - É como se fosse um amigo invisível, que só existe na tua cabeça. - Ah. Eu tenho um. Uma! - Ai sim, então como se chama? - Margarida. Eu brinco com ela quando estou sozinha.
Menos mal. Eu falava com formigas debaixo da mesa da cozinha. Até que passamos a página e lemos: - “Não Faz mal Ajudar um Esquilo a Apanhar Nozes”.
O Drama dos Esquilos. Esta geração será, sem dúvida, muito tolerante. Ajudarão os esquilos com convites para serem seus amigos no hi5.
O discurso é meio esquizofrénico quando lhe perguntam pela recente mudança visual, mas acredito que derive da tenra idade do moço (é mais novo que eu, caramba). O jovem Patrick Wolf dispõe bem e pronto.
Porque nos ensinam canções idiotas quando somos crianças?
• “Eu fui à Bélgica de avi-a-ão, no aeroporto encontrei um borrachão. Pisquei-lhe o olho, apertei-lhe a mão, mas o que ele queria era um ponto de interrogação” – Estes eufemismos ficam mal aos adultos. Se cantassem “o que ele queria era facturar à grande, mas o importante é não ceder a aventuras promíscuas que só acabam bem nos Morangos com Açúcar”, isso sim, era educar. E borrachão é um gajo que bebe muito.
• “Toyota (tum tum tum). Toyota Hiace (tum tum tum). Meu amor (tum tum tum), partiu o pé (tum tum tum). Fui chamar (tum tum tum) uma ambulância (tum tum tum). Toyota (tum tum tum). Toyota Hiace (tum tum tum)” – Porque o meu amor é tão grande como uma carrinha de 6 lugares?
E ainda ficavam chocados quando perguntávamos o que significava “Tieta do Agreste, lua cheia de tesão”.
O cartaz do Super Bock está fechado e eu quero ficar a viver lá. Tá bem? Alá ver isso.
Na Química FM, alguém se enganava sempre a apresentar esta 'Wolf Like Me', porque o nome estava errado no computador da emissão. Tão profissionais que dá saudades! :)
É impressionante como o cinema pode ser terapêutico. "Climas" é um desses exemplos: um chá turco, em noite de chuva, para aclarar as ideias. A metáfora é justificável pelo nome do realizador, Nuri Bilge Ceylan (tipo chá do Ceilão), que é também o protagonista deste drama - e que parece o David Fonseca aos 45 anos.
Acção dramática lenta, personagens esmagadoramente bem construídas, o egocentrismo das relações explorado ao pormenor, e a certeza de que há pessoas incapazes de nos fazerem felizes. Pelo meio, a melhor cena de sexo animalesco dos últimos tempos, envolvendo um cacauet caído no chão de um requintado apartamento, em plena Istambul.
Não é filme armado à intelectualóide, amigos. É uma recomendação da Ana, que em boa hora me arrastou para fora de casa quando já estava deitada com uma valente dor-de-cabeça. (Nessa tarde, ela chamou-me infantil e eu tranquei-a fora de casa, provando saber lidar com as críticas com maturidade. É a grande vantagem de coabitar com os melhores amigos no mesmo andar do prédio).
Sou uma fraude. Não sei cozinhar (como a minha avó), não sei costurar (como a minha mãe), não sei cuidar de bebés (como a minha irmã). Que raio de mãe vou ser assim?
Depois dos posts ateus, está na hora de expurgar virtualmente a alma. Faço parte daquele lote de hipócrito-católicos-pouco-praticantes. A última vez que fui à missa era noite de Consoada (atrás de mim, um casal de turistas ingleses também assistia a essa cerimónia exótica que é a Missa do Galo). Esta Páscoa, ansiava por uma pequena bênção comunitária mas a missa tinha começado há uma hora. Voltei para casa, de mão dada com a mana, um pedacinho envergonhada por este nosso afastamento herético. Bottom line: continuamos a acreditar em Deus, na tolerância e nas pessoas. Mesmo discordando das directrizes do Vaticano, destacamos o melhor que a igreja nos ensinou: o espírito comunitário sem beatismos, a solidariedade social e a partilha, tomando como exemplo o nosso amigo Jesus (“eu tenho um amigo que me ama, que me ama, que me a-a-ma”). Se calhar tivemos sorte na paróquia; se calhar aprendemos a questionar a igreja; se calhar fizemos mal em aceitá-la assim, cheia de defeitos. Não me vejo de volta à rotina dominical, é certo. Mas gostava de ver uma igreja adaptada à nossa realidade, porque não deixa de ser um veículo privilegiado de transmissão de valores. Sem obediências cegas, mas com consciências esclarecidas.
E depois acordamos? ;)
Para quem anda às aranhas com as suas crenças, a Câmara Clara ajudou a clarificar a diferença entre fé e religião, em Domingo de Páscoa.
- Maldizer o burburinho discreto conducente à lãzeira, porque nada é tão empolgante como uma viagem escoltada por uma família cigana vinda de um casamento - ok, tresandavam a um aroma almiscarado de suor e vinho; os dois mais novos tocavam ciganadas nas suas guitarras e eram repreendidos pelo pai com cascudos na tola. Mas foi divertido, bolas.
- Perceber como o historial de abraços das despedidas soa cruelmente empertigado face aos sorrisos lambuzados das chegadas. Pouca terra, tu-tu. “Té, fica a bincar comigo” e o amor em estado puro a ecoar cá dentro.
- Tentar adivinhar os restos do almoço de Páscoa pelo cheiro das marmitas dos vizinhos e aconselhar o jovem da frente a partilhar os ovinhos de chocolate se quiser ser um bom cristão – “Porque há Jesus Cristo e há a Nossa Srª do Glacé”.
O programa de podcast é semanal, chama-se "In the Attic" e os artistas actuam, em acústico, numa caravana. Desprotegidos, colocando à prova a essência das suas canções. A conduzir o programa (e a dita caravana) estão Pete Townshend, dos The Who, e a jovem Rachel Fuller, que percorrem os backstages de concertos pela Europa fora.
Trabalho aborrecido. Quem alinha tocar no meu Twingo?
Os preferidos deste medley: The Kooks, Editors e Ed Harcourt. Mas também temos Razorlight, Magic Numbers ou Martha Wainwright. E ainda o irresistível “she was frigid like a bible”, pelo Chris Difford.
Cada bolo é uma canção. Os lucros revertem a favor da campanha Make Trade Fair, da Oxfam, com a ajuda de meninos como The Thrills, Gary Lightbody (Snow Patrol), Lisa Hannigan, Damien Rice, Neil Hannon (Divine Comedy) and so on.
À boleia do Urban 90, elogiam-se as paredes da estrada de Benfica, tatuadas com o melhor graffiti de sempre: “O ar condicionado mata”.
Atrás de si, o drama. Um senhor de bombazine gasta vai berrando para a pastilha elástica colada ao banco. E são logo dois assentos mascados pela saliva seca.
- Era cortar-lhes as mãozinhas – grunhe o Velho Bombazine. - Isso deve ser essa malta do Porto – opina o passageiro do lado, agora cúmplice na guerra-anti-flagelo-pastilha-elástica. E o comentário gera consenso porque é fim-de-semana de Benfica-Porto.
O Velho vai cobrindo os assentos com a Dica da Semana e o Destak. A cada passageiro que faz a aproximação aos lugares vagos, há um coro de vozes que se ergue em alerta: - Cuidado que isso está cheio de pastilha elástica. - É uma vergonha. Deve ser essa malta que estuda. - Não respeitam nada. - É, e só ficam satisfeitos quando vêem tudo partido.
A páginas tantas, os passageiros sentados interrogam-se se estarão, também eles, infectados pela venenosa pastilha elástica que tomou de assalto o autocarro. Levantam-se e pedem aos seus vizinhos em tragédia para inspeccionarem os respectivos traseiros.
O Velho Bombazine abandona o Urban 90 e solta um gás tóxico. Interrogo-me se seria a sua vingança para a malfadada pastilha.
- Então o que é feito daquele teu amigo? - Zangámo-nos, mãe. - Porquê? - Ele encantou-se por outra menina. - Então e zangaram-se por causa disso? Silêncio. - Hmm. Pois.
As mães têm o privilégio (e o dom) de exporem o ridículo como se estivessem a fazer cócegas.
Nessa noite, sonhei com um desastre de avião. Despenhávamo-nos ambos, cada um para seu lado.