It's the nighttime baby, don't let go of my love
Ainda me lembro das primeiras vezes que Mary John e Lia Gamma me importunaram com o álbum “1972". Devo-lhes um valente obrigada por me terem despertado para esta (e outra) música da boa. Como os National, por exemplo.
A canção que se segue faz parte do álbum “Nashville” e é aqui tocada ao vivo em Austin, Texas, a poucos quilómetros – lá está – de Nashville.
Uma das razões tolas para gostar deste 'It’s the Nightime’ é precisamente esta parte da letra:
And maybe later on
After the Late Late Show
(O que pressupõe que Josh Rouse seja espectador assíduo do Conan O’Brien)
We can go to your room
I can try on your clothes
(Experimentar as roupas da amada pode não ser provocador, mas mostra que o senhor não tem problemas com a sua masculinidade)
You know I'm not the kind of man
To come on so strong
(Mas devias, Josh, mas devia)
But when you look as good as you do
I knew it wouldn't be long
(Imagino-o de cinto de ligas, enrolando umas plumas em torno da sua amada)
Sentido de Oportunidade
Tenho um amigo no último ano de medicina que me enviou uma mensagem dizendo que “ser aluno de cirurgia no Garcia da Orta faz uma pessoa ambicionar ser dona de casa”. Imbuída de boa fé, ameaço surpreendê-lo com um espanador em cada mão e tento animá-lo com a frase "era pior se tivesses que fazer um toque rectal”. E o meu telemóvel ilumina-se com a notícia: “Fiz um toque rectal hoje. Senti-me um violador”.
O pior é que este mau sentido de oportunidade se manifesta com frequência. Como no outro dia, quando pedi para passarem, num restaurante, um CD de música popular (vulgo, pimba), durante o aniversário de um amigo. Bastaram cinco minutos para constatar que aquilo conseguia ser pior do que o casamento de uma prima afastada no Bombarral. E é aí que uma convidada da festa me pergunta:
- “Mas porquê o Bombarral?”
- “Não sei, foi o sítio mais foleiro que me ocorreu”, respondo.
*Silêncio embaraçoso*
- “Ah. É que eu sou do Bombarral”, diz ela.
*Silêncio ainda mais embaraçoso (só desculpável por estarmos com os copos), seguido de gargalhadas*
O que vale é que a ideia parola de ouvir o CD tinha sido minha. Mas pior, pior, foi ver os turistas entrarem no restaurante, curiosos, pensando que toda aquela ambiência musical era oh, very typical, very exotic.
Boys have a penis, girls have a vagina
Show Me Heaven...
Mental note: trazer mais amigos cá a casa.
External note: Mãe, se estiveres a ler este post, Bacardi é um detergente para a roupa importado de Cuba.
Ele leva-me às nuvens. A sério.
I hear music, mighty fine music
Henri Matisse, 1939, La Musique
Todo Sobre Mi Suerte…
Afigurava-se um final de tarde memorável e acabou por sê-lo, em todos os sentidos. Comecei por absorver avidamente as palavras de Pedro Almodôvar na conferência de imprensa do European Film Festival. Além de ser um dos génios da sensibilidade humana (e, dentro da crueza dos seus temas, um mestre da delicadeza cinematográfica), o senhor Almodôvar ainda consegue ser humilde e afável. Ao ponto de ter revelado com um sorriso, perante a insistência de uma colega jornalista, que é o actor Lluis Homar quem vai partilhar o protagonismo com Penélope Cruz no seu próximo filme, que começa a ser rodado em Janeiro (o assunto era "proibido" de se abordar na conferência). Isso e muito mais, porque Almodôvar gosta de conversar, sempre de olhar sereno.
E pronto, deixo o Estoril (ainda) a sentir-me sortuda e escolho a Marginal como caminho de regresso, só para cheirar a maresia. Acontece que hoje foi o Dia do Apocalipse. O fim do mundo em tubos de escape. De maneiras que fiquei 1 hora e meia no trânsito até chegar à minha segunda casa. Porque a primeira casa ainda fica a uma boa hora de fila e esta secretária de trabalho já me pareceu menos confortável para bater uma soneca.
Lição de vida nº 5674
Outro dia, lá fui eu toda lampeira (como eu gosto desta expressão) cumprir o meu ritual Ypsilon. Em má hora o fiz, já que a Srª Quiosca (vamos chamar-lhe assim) se preparava para ir encher um garrafão de água ao café. Disse-lhe para não se preocupar, que eu ficava a espreitar as revistas enquanto ela não regressava, mas eis que fui presenteada com uma história da sua infância nas Beiras, dos tempos em que ia buscar água à fonte. Pergunto-lhe se tem saudades desses tempos e a resposta surgiu clara como a água que ficou pelo caminho: “Claro, filha. E não são saudades de ser jovem. São saudades de quando as coisas eram mais simples. As pessoas não viviam fantasias. Era a vida real, percebes?”.
A Mala e a Arrumadora de Carros
Ora, já que os arrumadores de carros teimam em não andar identificados com crachás a dizer "hot wheels" ou "o meu furgão é maior que o teu", a sugestão para esta senhora arrumadora é muito simples: lose the hand bag. Siga o exemplo dos seus colegas de profissão e mostre-se descomprometida para com todo e qualquer bem material. Sem nada nas mangas, vá lá, para parecer verdadeiramente empenhada em orientar condutores azelhas e não se afigurar como alguém que, a qualquer instante, vai tirar da carteira uma fotografia dos filhos para mostrar às suas colegas de trabalho.
Se continuar a providenciar lugares de estacionamento de mala ao ombro, senhora, não vai conseguir alimentar esses seus filhos. Eu prometo que, da próxima vez, a gorjeta chegará sob a forma de uma bolsa de cintura em camuflado.
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