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Me and my lousy sense of opportunity.

Tenho uma queda para o inoportuno, já desde os tempos em que – como boa criança impressionável pelo vocabulário alargado das telenovelas – solicitava bebidas alcoólicas aos empregados de restaurante, perante o olhar vexado de senhores meus pais.
Tudo estaria bem se a desonra familiar tivesse findado na infância, mas os momentos embaraçosos parecem suceder-se que nem ginjinhas no Rossio. Como por exemplo, numa das visitas quinzenais aos papás, em pleno usufruto do zapping de 300 canais de televisão, eis que encravo no último canal da Powerbox – nada mais que um canal erótico que, apesar de bloqueado, tem um nome elucidativo: XXX.
Ora, estando sozinha na sala, comecei por trocar a pilha do comando, atirando-o contra o sofá para resolver a aparente avaria. A voz da mãe na cozinha e a chegada iminente do pai deixaram-me ainda mais nervosa, pelo que acabei por desligar todos os cabos da televisão e respectivos acessórios, temendo a desilusão de se depararem com uma filha que, não bastando viver sozinha e longe, ainda assistiria a filmes com partes pudendas à mostra, e à descarada, na casa dos progenitores.
A última flagrante barraca foi a tentativa de alegrar um amigo que acabara de perder o seu fiel companheiro. Estando ele cansado, recorro a uma canção dos Beatles para lhe arrancar um sorriso: “It’s been a hard day’s night and I’ve been working like a dog”, esquecendo-me, porém, que a tradução inglesa de cão teria o mesmo efeito que uma estalactite espetada no coração.

1 Ópinanços. Com ó.:

MF disse...

A tua sorte é eu conhecer-te de ginjeira, catraia!
Mas olha que, por caminhos marados, me conseguiste animar.
Sorri para dentro quando li o "working like a dog" e pensei «cá está! Ela e o seu 'fantástico' sentido de oportunidade»...