noutros tempos quando acreditávamos na existência da lua foi-nos possível escrever poemas e envenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído pelas salivas proibidas - noutros tempos os dias corriam com a água e limpavam os líquenes das imundas máscaras
hoje nenhuma palavra pode ser escrita nenhuma sílaba permanece na aridez das pedras ou se expande pelo corpo estendido no quarto do zinabre e do álcool - pernoita-se
onde se pode - num vocabulário reduzido e obsessivo - até que o relâmpago fulmine a língua e nada mais se consiga ouvir
apesar de tudo continuamos e repetir os gestos e a beber a serenidade da seiva - vamos pela febre dos cedros acima - até que tocamos o místico arbusto estelar e o mistério da luz fustiga-nos os olhos numa euforia torrencial
0 Ópinanços. Com ó.:
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