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O taxista entertainer

Ele domina a arte de encher chouriços. Em 15 minutos de viagem, o taxista-entertainer-Fernando-Pereira-wannabe contou-me detalhes inolvidáveis sobre a sua vida.
Que é de Viseu e andou na escola com o respectivo “mafioso” responsável camarário; que é viúvo; que tem um vizinho homossexual e que resiste aos seus avanços dizendo “eu não vivo em Rabo de Peixe, ó amigo”; que há uns tempos fez amor com uma velha do bairro da Boavista, velha essa que ia sofrendo uma síncope durante o acto porque ofegava de forma débil (naturalmente que o nosso taxista reproduziu essa respiração assustadora enquanto conduzia); que, se fosse da minha idade, eu não lhe escapava e lá teríamos que fazer a “dança dos quatro joelhos”; e que as profissões mais parecidas com a de taxista são as de padre, barbeiro e prostituta, “porque ouvem de tudo”. Neste caso, dizem-no também.
Às tantas, o telemóvel toca e o tom de voz do taxista-leão transforma-se no de um gatinho peludo: “É a minha namorada”, diz ele no final da chamada, lançando um sorriso cúmplice para o banco de trás. “Eu gosto muito de mulheres”.

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