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Wrong number

Ontem ligo para o novo número do meu primo, que tinha acabado de anotar no meu telemóvel, e dá-se a seguinte conversa:

- Então, primão!
- ‘Toue? (pergunta um senhor com sotaque das Beiras)
- ‘Tou a falar com o Nuno?
- Não… não senhora… de maneira nenhuma… o meu é muito mais comprido.

Terapia anti-mamute

Numa altura em que um mamute aterrou nas minhas costas sem pára-quedas, o meu chefe está a aterrar em Copacabana.

Marcelo Camelo - Copacabana



Terapia infalível: fazer a cama ao som do disco do Marcelo Camelo que Dona Gammita me emprestou ontem, depois do Queijo.

Bolo de chocolate

Foi erótico. Cinco mulheres desconhecidas fixando uma fatia de bolo de chocolate pousada na nossa mesa de almoço, aguardando a respectiva degustação por parte do homem que eu gramo.
Dica para os solteiros: experimentem fazer o mesmo, mas colocando ao vosso lado um carrinho de bebé, mesmo que lá dentro esteja um Nenuco (também dá muito jeito para passar à frente nas filas). Ou isso, ou um cão brincalhão aninhado no vosso colo, de preferência com olhinhos amorosos e muita lata para levantar a saia alheia.

Esta fala do “Casablanca” explica mais ou menos o estado da minha memória

Yvonne: Where were you last night?
Rick: That's so long ago, I don't remember.
Yvonne: Will I see you tonight?
Rick: I never make plans that far ahead.

A menina do lado não fazia de Yvonne. Nem poderia, com todo este descartanço.

Nota: quando procurava esta foto, tropecei nesta t-shirt.


Não percebo muito bem...

... a necessidade de se criar inimigos, verdadeiros ou imaginados, muitas vezes apenas para encapotar o raio do inimigo que somos nós próprios. Admitamos: é bem mais apetecível deitar as culpas para a incompetência, mediocridade ou _______ (insira aqui o defeito) de qualquer outra pessoa. Mea culpa, naturalmente, se (e quando) pela minha boca morrer o peixe. Mas acredito que a perseguição ou a crítica alheia é uma pescadinha de rabo-na-boca. E se não for, conto convosco para me esbofetearem com uma faneca.

Dicas:
- Se estiverem chateados ou se sentirem injustiçados, por favor, digam-no.
- Experimentem concentrar essas energias em vocês próprios, mas em bom.
- Não sofram por antecipação. É muito mais divertido mergulhar no inesperado.
- Depois relembrem-me todas estas cenas quando for eu própria a estar com a neura.
- E, agora, um abraço neste ponto de encontro.

Parar para pensar vs. pensar em andamento

Autor das sábias letras de ‘Fungagá da Bicharada’, 'Joana come a papa' e ‘Olha a Bola Manel’, eis que José Barata-Moura nos apresenta agora uma (igualmente sábia) reflexão, publicada na famigerada Agenda Cultural de Cascais – folhetim que comecei a receber no correio nos tempos em que fazia uma espécie de programinha, com sugestões para pseudo-intelectuais de óculos de massa, no projecto de rádio independente e destrambelhado que dava pelo nome de Química FM.

«Uma sugestão (des)pretensiosa:

Costuma repetir-se que, de quando em vez, é preciso parar para pensar. O preceito não está em absoluto desprovido de razão. Sempre que nos cumpre defrontar situações que se nos apresentam como «difíceis», que sentimos não serem «simples», que excedem as rotinas do que nos é «familiar» - importa, na verdade, interromper o curso da nossa mera flexão mundana e ocupar o espaço de alguma re-flexão (…)
Todavia, todos conhecemos também casos em que um asseveramento de que «muito se anda a pensar» mal serve de disfarce tosco para a escassez do que realmente é feito, e em que a avisada constatação de que «muito está ainda por pensar» se converte em rasteiro motivo e pretexto, auto complacente, para nada empreender.
Atalham-nos, por isso, de outras bandas, que parar é morrer, e que, em conformidade, ante as premências e urgências do agir (não raro revestidas de uma despachada pretensão de «mostrar obra feita»), o pensar (referido, em regra, como «um excesso de pensar») apenas redunda em embaraço ou estorvo, só serve «para atrapalhar».
A defesa desta atitude e abordagem acompanha-se, com frequência, de uma exaltação ansiosa do «pragmatismo», da «capacidade de decisão», da expedita «obtenção de resultados». Faz-se economia do indispensável trabalho que dá construir uma boa solução, e escancaram-se, muitas vezes, as portas do caminhar ao atarantamento entre vias que não são adequadamente percebidas na sua consequência, ao deslumbramento perante o que se imagina ser o «último figurino em voga», à capitulação grosseira ante o que habilidosamente nos vai sendo soprado como «o que está a dar» (...)

Talvez haja de convocar, então, uma outra perspectiva: passar da dis-junção dualizante a uma con-junção trabalhada (...).


José Barata-Moura


Traduzindo para miúdos: Penso, logo fungagá.

O presidente russo tem um blogue.

Está tudo aqui. Basicamente, é o mesmo que dizer: “escreva ao Pai Natal em checoslovaco e atire a folha ao vento. Na pior das hipóteses, mandamos-lhe um limpa-chaminés”.

Vou ao Algarve...

Se, na minha ausência, nevar em Lisboa, regressarei para a devida matança ao volante de um limpa-neves.

Estou a ficar perigosamente parecida com a minha mãe

Se me ouço, mais uma vez, dizer em voz alta “come só mais um bocadinho”, “brócolos faz muito bem ao duodeno” ou “veste o casaco que vem corrente de ar”; se continuar a disparar conselhos sem mos serem pedidos; se pré-ocupar a minha cabecinha com reflexões desnecessárias; prometo que corto num naco de mim própria e dou de comer aos lobos. Dos ibéricos, que estão em extinção.

Do verbo rebobinar

Como já não posso ter uma cadela chamada Bobina, gostava que a minha eventual bichana se chamasse Rebobina.
Tenho saudades de quando rebobinávamos as cassetes VHS. Tinha um aparelho desses quando era miúda, um rebobinador. O meu pai dizia que o vídeo estragava se andasse muito tempo para trás, por isso deixávamos que o versado mestre do rebobinanço tomasse conta do assunto. Suponho que o vídeo não tivesse a mesma perícia ou, como diz a sabedoria popular, que “chamasse o diabo” se andasse muito tempo para trás.
Ainda na temática “pêlo no sofá”, se tiver uma gata, chamar-se-á Féline Dion. Quando ela ignorar o meu chamamento, cantar-lhe-ei ao ouvido o ‘All By Myself’. O seu parceiro gato será o Fellini. Felizmente para a PETA, ainda não tenho nenhum animal para cantar comigo no Singstar.

A Short Love Story in Stop Motion

Aviso à navegação: é só um vídeozinho lamechas. Mas a música dos Sigur Rós no meio daquilo que muitos procuramos chega a ser comovente.
Sonhos de criança que são um sonho.


A SHORT LOVE STORY IN STOP MOTION from Carlos Lascano on Vimeo.

Ave rara em cativeiro

Especialmente vulnerável à extinção pela permanência em local fechado, pouco arejado e sem luz.

[Como é que é suposto ter os pés assentes no chão se um simples “.pt” à frente do nome me leva direitinha à página dos aeroportos de Portugal?]

I just love that feeling when we lift-off!

Elas têm a profissão mais antiga do mundo e orgulham-se disso.

Até dão palmadinhas umas nas outras, em sinal do mais profundo apreço mútuo.
“Satisfaction” é uma ficção australiana e dá na SIC Mulher pela madrugada adentro. Pronto, a série é poucochinha e mostra pouco mais que os bastidores de um bordel de luxo, com mulheres atraentes e letradas. O sexo visto à lupa, mesmo retratado com alguma classe, reduz-nos à nossa essência hormonal enquanto o diabo esfrega um… ermmm, olho.
E não, não ando com olheiras por causa disto. Mas no episódio que vi, havia um médico legista que só conseguia fazer o amor com uma menina que ficasse perfeitamente imóvel e que, antes do acto sexual, tomasse banho numa banheira com gelo e se esfregasse com pó de talco para parecer morta. Aí sim, há uma possível insónia.

The dog days are over!

Florence And The Machine - Dog Days


Obrigada, Nuska Babuska. :)

Olha balões!

O cabeçalho deste blog é inspirado no petiz Rafael, um promissor aprendiz das patranhas diplomáticas na faixa etária dos 0 aos 4 anos (o que não é de admirar quando o seu núcleo familiar é constituído por quatro mulheres beijoqueiras de quem a criança se tenta esquivar diariamente).
As técnicas de doce desdém pelos adultos começaram há coisa de um ano e têm sido aprimoradas desde então. Começaram, creio, quando a criança se apercebeu que a tia chata (ele só tem uma tia, não dá para negar) fazia grande alarido sempre que o via. Um dia, a tia chegou a sua casa e, cobrindo o menino de carinho - ou seja, bombardeando-o com perguntas sobre o seu estado de espírito - deparou-se com uma hábil manobra de diversão do seu congénere, que aponta para a televisão e diz “olha balões!”.
Um ano depois, quando a tia lhe conta uma história de embalar sobre uma formiga que andava à boleia de uma abelha, a ensonada criança desarma-a com: “Acho que é melhor eu dormir já… Senão vêm os maus”. Mauuu, que o miúdo ainda vai para vereador do jardim-escola.

Pronto, eu recapitulo.

O ano começou com certezas inabaláveis e terminou cheio de porquês, [alerta cliché] que as perguntas estão sempre a mudar.
Abri a minha bolha ao mundo. Comecei a partilhá-la com a frequência de uma pinga-amor melada, escangalhando a minha esfera de conforto. Não imaginava que dar-me, sem medos, fosse um atropelamento de sentimentos em hora de ponta.
Questionei-me e lamentei-me mais do que o costume, porque me vi à lupa, tipo formiga, a deixar de fazer tudo à minha maneira. Oscilei entre a culpa e a redenção, entre a transparência e a máscara. Estive mais comigo, tentando iluminar os quartos escuros, e agora vou ligar-me à electricidade para viver com o espírito livre e o coração carregadinho de amor.

Em 2009...

Escrevi mais, li mais e ri mais.
Aventurei-me e gostei.

(E o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem).